8º Ciclo de Estudos Dados, Informação e Tecnologia: Comunicação Rural

Fábio Mosso Moreira

Universidade Estadual Paulista (UNESP) | fabio.moreira@unesp.br | https://orcid.org/0000-0002-9582-4218 | https://lattes.cnpq.br/1614493890723021

Graduado em Administração de Empresas pela Faculdade de Ciências e Engenharia (UNESP/Tupã). Mestrado concluído em Ciência da Informação - Faculdade de Filosofia e Ciências (UNESP/Marília). Doutorado em andamento Programa de Pós-Graduação em Ciência da Informação - Faculdade de Filosofia e Ciências (UNESP/Marília). Atua como membro do Grupo de Pesquisa Novas Tecnologias em Informação - GPNTI (UNESP/Marília) e Grupo de Pesquisa Tecnologia de Acesso a Dados -GPTAD (UNESP / Tupã). Editor de Conteúdo da Revista Eletrônica Competências Digitais para Agricultura Familiar (RECoDAF). Possui Habilidade Profissional Técnica em Informática pela ETEC Massuyuki Kawano - Centro Paula Souza de Tupã. Tem experiência profissional na área de Sistemas de Informação ERP para Operações de Logística. Atualmente realiza pesquisas com foco na investigação de temas ligados à utilização de recursos digitais para a disponibilização e acesso a dados governamentais de Políticas Públicas no âmbito dos pequenos produtores.

Fernando de Assis Rodrigues

Universidade Federal do Pará (UFPA) | fernando@rodrigues.pro.br | https://orcid.org/0000-0001-9634-1202 | https://lattes.cnpq.br/5556499513805582

Professor Adjunto no Instituto de Ciências Sociais Aplicadas, lotado na Faculdade de Arquivologia da Universidade Federal do Pará. Doutor e Mestre em Ciência da Informação pela UNESP - Universidade Estadual Paulista. Especialista em Sistemas para Internet pela UNIVEM - Centro Universitário Eurípides de Marília. Bacharel em Sistemas de Informação pela USC - Universidade do Sagrado Coração. Membro dos grupos de pesquisa GPNTI - Novas Tecnologias em Informação e GPTAD - Tecnologias de Acesso a Dados (UNESP), GPIDT - Informação, Dados e Tecnologia (USP) e GPDM - Dados e Metadados (UFSCar). Editor do periódico RECoDAF - Revista Eletrônica Competências Digitas para a Agricultura Familiar. Atua nas áreas da Ciência da Informação e da Ciência da Computação, com ênfase em Engenharia de Software, Bancos de Dados, Tecnologia de Informação e Comunicação e Ambientes Informacionais Digitais, focado principalmente nos seguintes temas: Coleta de Dados, Dados, Acesso a Dados, Serviços de Redes Sociais Online, Linked Data, Linked Open Data, Metadados, Internet Applications, Linguagens de Programação, Banco de Dados e Bases de Dados, Privacidade, Governo eletrônico, Open Government Data e Transparência Pública.

Ricardo César Gonçalves Sant'Ana

Universidade Estadual Paulista (UNESP) | ricardo.santana@unesp.br | https://orcid.org/0000-0003-1387-4519 | https://lattes.cnpq.br/1022660730972320

Professor Associado da Universidade Estadual Paulista - UNESP, Faculdade de Ciências e Engenharias - FCE, Campus de Tupã, em regime de dedicação exclusiva, onde é Presidente da Comissão de Acompanhamento e Avaliação dos cursos de Graduação - CAACG, Coordenador Local do Centro de Estudos e Práticas Pedagógicas - CENEPP e Ouvidor Local. Professor do Programa de Pós-Graduação em Ciência da Informação da Universidade Estadual Paulista, Campus de Marília. Graduado em Matemática e Pedagogia, Mestrado em Ciência da Informação (2002), Doutorado em Ciência da Informação (2008) e Livre-Docente em Sistemas de Informações Gerenciais pela UNESP (2017). Possui especializações em Orientação à Objetos (1996) e Gestão de Sistemas de Informação (1998). Parecerista ad hoc de periódicos e de agências de fomento. Lider do Grupo de Pesquisa - Tecnologias de Acesso a Dados (GPTAD) e membro do Grupo de Pesquisa - Novas Tecnologias em Informação GPNTI. Tem experiência na área de Ciência da Computação, atualmente realiza pesquisas com foco em: ciência da informação e tecnologia da informação, investigando temas ligados ao Ciclo de Vida dos Dados, Transparência e ao Fluxo Informacional em Cadeias Produtivas. Atuou como professor na Faccat Faculdade de Ciências Contábeis e Administração de Tupã, onde coordenou curso de Administração com Habilitação em Análise de Sistemas por dez anos e o curso de Licenciatura em Computação. Atuou no setor privado como consultor, integrador e pesquisador de novas tecnologias informacionais de 1988 a 2004.


Organizadores

Fábio Mosso Moreira

Universidade Estadual Paulista (UNESP) | fabio.moreira@unesp.br | https://orcid.org/0000-0002-9582-4218 | https://lattes.cnpq.br/1614493890723021

Graduado em Administração de Empresas pela Faculdade de Ciências e Engenharia (UNESP/Tupã). Mestrado concluído em Ciência da Informação - Faculdade de Filosofia e Ciências (UNESP/Marília). Doutorado em andamento Programa de Pós-Graduação em Ciência da Informação - Faculdade de Filosofia e Ciências (UNESP/Marília). Atua como membro do Grupo de Pesquisa Novas Tecnologias em Informação - GPNTI (UNESP/Marília) e Grupo de Pesquisa Tecnologia de Acesso a Dados -GPTAD (UNESP / Tupã). Editor de Conteúdo da Revista Eletrônica Competências Digitais para Agricultura Familiar (RECoDAF). Possui Habilidade Profissional Técnica em Informática pela ETEC Massuyuki Kawano - Centro Paula Souza de Tupã. Tem experiência profissional na área de Sistemas de Informação ERP para Operações de Logística. Atualmente realiza pesquisas com foco na investigação de temas ligados à utilização de recursos digitais para a disponibilização e acesso a dados governamentais de Políticas Públicas no âmbito dos pequenos produtores.

Fernando de Assis Rodrigues

Universidade Federal do Pará (UFPA) | fernando@rodrigues.pro.br | https://orcid.org/0000-0001-9634-1202 | https://lattes.cnpq.br/5556499513805582

Professor Adjunto no Instituto de Ciências Sociais Aplicadas, lotado na Faculdade de Arquivologia da Universidade Federal do Pará. Doutor e Mestre em Ciência da Informação pela UNESP - Universidade Estadual Paulista. Especialista em Sistemas para Internet pela UNIVEM - Centro Universitário Eurípides de Marília. Bacharel em Sistemas de Informação pela USC - Universidade do Sagrado Coração. Membro dos grupos de pesquisa GPNTI - Novas Tecnologias em Informação e GPTAD - Tecnologias de Acesso a Dados (UNESP), GPIDT - Informação, Dados e Tecnologia (USP) e GPDM - Dados e Metadados (UFSCar). Editor do periódico RECoDAF - Revista Eletrônica Competências Digitas para a Agricultura Familiar. Atua nas áreas da Ciência da Informação e da Ciência da Computação, com ênfase em Engenharia de Software, Bancos de Dados, Tecnologia de Informação e Comunicação e Ambientes Informacionais Digitais, focado principalmente nos seguintes temas: Coleta de Dados, Dados, Acesso a Dados, Serviços de Redes Sociais Online, Linked Data, Linked Open Data, Metadados, Internet Applications, Linguagens de Programação, Banco de Dados e Bases de Dados, Privacidade, Governo eletrônico, Open Government Data e Transparência Pública.

Ricardo César Gonçalves Sant'Ana

Universidade Estadual Paulista (UNESP) | ricardo.santana@unesp.br | https://orcid.org/0000-0003-1387-4519 | https://lattes.cnpq.br/1022660730972320

Professor Associado da Universidade Estadual Paulista - UNESP, Faculdade de Ciências e Engenharias - FCE, Campus de Tupã, em regime de dedicação exclusiva, onde é Presidente da Comissão de Acompanhamento e Avaliação dos cursos de Graduação - CAACG, Coordenador Local do Centro de Estudos e Práticas Pedagógicas - CENEPP e Ouvidor Local. Professor do Programa de Pós-Graduação em Ciência da Informação da Universidade Estadual Paulista, Campus de Marília. Graduado em Matemática e Pedagogia, Mestrado em Ciência da Informação (2002), Doutorado em Ciência da Informação (2008) e Livre-Docente em Sistemas de Informações Gerenciais pela UNESP (2017). Possui especializações em Orientação à Objetos (1996) e Gestão de Sistemas de Informação (1998). Parecerista ad hoc de periódicos e de agências de fomento. Lider do Grupo de Pesquisa - Tecnologias de Acesso a Dados (GPTAD) e membro do Grupo de Pesquisa - Novas Tecnologias em Informação GPNTI. Tem experiência na área de Ciência da Computação, atualmente realiza pesquisas com foco em: ciência da informação e tecnologia da informação, investigando temas ligados ao Ciclo de Vida dos Dados, Transparência e ao Fluxo Informacional em Cadeias Produtivas. Atuou como professor na Faccat Faculdade de Ciências Contábeis e Administração de Tupã, onde coordenou curso de Administração com Habilitação em Análise de Sistemas por dez anos e o curso de Licenciatura em Computação. Atuou no setor privado como consultor, integrador e pesquisador de novas tecnologias informacionais de 1988 a 2004.


Mesa de debates do 8º Ciclo de Estudos Dados, Informação e Tecnologia

Páginas: 30 - 44

Autores

Cristiane Hengler Corrêa Bernardo

Universidade Estadual Paulista (UNESP) | cristiane.bernardo@unesp.br | https://orcid.org/0000-0002-9957-7437 | https://lattes.cnpq.br/9283539953757012

Livre docente em Comunicação Empresarial (UNESP), possui Doutorado em Educação (UFMS), Mestrado em Comunicação Midiática (UNESP), Especialização em Comunicação e Marketing, e Graduação em Comunicação Social com Habilitação em Jornalismo (PUC). Atualmente, é Professora Associada da UNESP, e membro dos grupos de pesquisa CEPEAGRO e PGEA - Pesquisa em Gestão e Educação Ambiental.

Juliana Correa Bernardes

Universidade Estadual de Londrina (UEL) | bernardescj@gmail.com | https://orcid.org/0000-0002-4541-4691 | https://lattes.cnpq.br/2106092141135045

Doutoranda em Ciência Animal (UEL), possui Mestrado em Agronegócio e Desenvolvimento (UNESP) e graduação em Medicina Veterinária (UNIFAI). É membro dos projetos de extensão CoDAF e Kamby "De olho no leite", e participa do Grupo de Pesquisa Gestão e Educação Ambiental (PGEA). Tem experiência profissional em clínica e manejo de equídeos e bovinocultura de corte e leite, clínica e cirurgia de pequenos animais.

Elizabete Cristina de Souza de Aguiar Monteiro

Universidade Estadual Paulista (UNESP) | ecsamonteiro@gmail.com | https://orcid.org/0000-0002-3797-8139 | https://lattes.cnpq.br/3258820169472861

Doutoranda e Mestre em Ciência da Informação pela Universidade Estadual Paulista (Unesp) de Marília. Possui graduação em Biblioteconomia pela Universidade Estadual Paulista (2006). Membro dos Grupos de Pesquisa Novas Tecnologias em Informação (GPNTI) e Tecnologias de Acesso a Dados (GPTAD) (UNESP). Atualmente é bibliotecária da Unesp de Marília. Colaboradora do Projeto Competências Digitas para a Agricultura Familiar (CoDAF) desde 2015. Pesquisa sobre gestão de dados, Plano de gerenciamento de dados, Repositórios de dados científicos e direitos autorais de dados.

Fábio Mosso Moreira

Universidade Estadual Paulista (UNESP) | fabio.moreira@unesp.br | https://orcid.org/0000-0002-9582-4218 | https://lattes.cnpq.br/1614493890723021

Graduado em Administração de Empresas pela Faculdade de Ciências e Engenharia (UNESP/Tupã). Mestrado concluído em Ciência da Informação - Faculdade de Filosofia e Ciências (UNESP/Marília). Doutorado em andamento Programa de Pós-Graduação em Ciência da Informação - Faculdade de Filosofia e Ciências (UNESP/Marília). Atua como membro do Grupo de Pesquisa Novas Tecnologias em Informação - GPNTI (UNESP/Marília) e Grupo de Pesquisa Tecnologia de Acesso a Dados -GPTAD (UNESP / Tupã). Editor de Conteúdo da Revista Eletrônica Competências Digitais para Agricultura Familiar (RECoDAF). Possui Habilidade Profissional Técnica em Informática pela ETEC Massuyuki Kawano - Centro Paula Souza de Tupã. Tem experiência profissional na área de Sistemas de Informação ERP para Operações de Logística. Atualmente realiza pesquisas com foco na investigação de temas ligados à utilização de recursos digitais para a disponibilização e acesso a dados governamentais de Políticas Públicas no âmbito dos pequenos produtores.

Transcrição do Vídeo

Ouvinte:

Eu gostei demais da fala de vocês e gostaria de tecer alguns comentários. Como entrou nessa questão da privacidade eu estava aqui e não ia interferir mais eu não resisto (risos). Porque essa questão é muito sensível, nós precisamos estar muito atentos aos efeitos secundários dessa questão do acesso aos dados. Como a professora Cris bem destacou, não é somente aquele acesso mais externo ou visível que é o mais importante, na maioria das vezes o mais estratégico é aquele acesso que não se tem percepção dele, que entra na fala da professora Elaine, que pesquisou a insciência do usuário em relação ao acesso a seus dados.

Quando a gente discute essa questão da privacidade, muitas vezes a gente fica preso nessa questão do problema direto, de uma ação por exemplo que vai poder assaltar, ou de alguém que vai querer ir lá oferecer um produto, ou de alguém que vai querer usar o Governo para fazer uma ação política, mas existem usos mais estratégicos e mais danosos que são menos pontuais, no entanto, tem um efeito mais profundo que é o de consumo e construção de senso comum.

Então quanto mais dados eu tenho sobre o sujeito, mais eu consigo direcionar a mensagem e a comunicação que chega até ele para construir o senso comum. A tecnologia convence o sujeito de questões sobre as quais ele não tenha tanto domínio mas traz elementos para que ele tenha uma opinião as vezes deturpada mas que expõe o interesse de que detêm aqueles dados.

Essa agenda que fica por trás, que a gente tinha uma percepção mais clara quando ainda tinha a comunicação controlada pelas grandes mídias, que, pelo menos, você tinha a ciência de que estava sendo construída por uma agenda de algumas empresas.

A partir do momento que isso passa a ser controlado de forma subterrânea, vamos dizer assim, esses dados são coletados e utilizados de forma não ciente pelo usuário. Então a gente consegue via algorítimos levar ate os usuários as mensagens do jeito certo, na hora certa, no momento em que ele está mais vulnerável aquilo, a ponto do cara, por exemplo, tomar uma posição política que as vezes é contra ele mesmo.

É um modelo político que vai por exemplo, inviabilizar seu próprio negócio, mas ele quer porque ele acha que aquilo vai ser bom, que aquilo é justo, porque trazem elementos vinculados a aspectos morais e outros aspectos que não tem nada a ver com o que está sendo proposto, mas eles utilizam desse subterfúgio com base nos dados coletados e essa incipiência é muito mais danosa do que o próprio impacto direto de um roubo por exemplo.

E aí a fala de vocês foi muito útil porque quando a Bete fala do Plano de Gestão de Dados, o papel do pesquisador nesse processo de construção de acesso a dados deve ser muito bem pensado. A professora Juliana destacou isso, quando a gente fala que ele confiou em mim, a responsabilidade aumenta porque ele está confiando que nós não vamos divulgar aqueles dados, mas muitas vezes um dado que não é sensível sozinho, quando agrupado com outros, me dão cenários de identificação para agregar com outras bases que eu já tenho.

A gente precisa de uma preocupação muito funda nesse campo. Nós somos um grupo que talvez possa aumentar essa sensibilidade, então a participação de vocês é muito importante, vocês tem essa visão, mas muitos que atuam na extensão rural não se dão conta dessa relevância. Não, mas eu não divulguei o número que infere o interesse, mas não precisa, quando eu tenho uma coleção de alguns dados eu chego até aquilo.

Então eu consigo criar identificação e a partir daí eu crio os links para depois agregar com outras bases que eu tenho.

Muitas vezes um dado que a pesquisa leva ou disponibiliza pode construir aquele ponto de identificação que vai me ajudar a vincular dados que estavam sem essa possibilidade. Então é um caminho muito perigoso, é um momento de transição muito perigoso que a gente está passando, infelizmente a insciência de todos é muito profunda, concordo com a professora Cristiane, quando a gente fala em “1984” até arrepia mas eu estou ainda mais com um outro modelo. Quando a gente pensa em um modelo de acesso a dados, a gente não precisa do poder aplicado pela força, quem detêm os dados pode aplicar o poder de forma mais suave.

Passa ser preocupado um modelo mais assim como o “Admirável Mundo Novo”. Nós temos um papel muito importante, por isso que eu fico feliz quando vejo pesquisadores da competência de vocês preocupados com isso.

Eu queria de novo agradecer e antes de entrar nos tópicos, destacar o fato de vocês terem trazido a tona essa questão, a professora Cristiane inclusive prometeu que sairia um livro desse trabalho dela, estamos aguardando o livro que vai ser um guia de interação com o agricultor. Espero que ela consiga achar janelas para conseguir divulgar isso porque é muito importante, esse livro precisa sair logo porque é muito importante para a atuação, para a práxis do pesquisador para que a gente possa ter um cheklist na interação com o agricultor, é uma cobrança que eu faço e vai ficar gravado (risos) ela prometeu que ia sair, a gente precisa desse livro logo.

Cristiane:

Eu gostaria de comentar uma coisa Ricardo, em relação ao que você falou porque esse modelo que você colocou da construção do senso comum e tudo mais, é o mesmo modelo utilizado pela inteligência de mercado.

Esses dias eu estava lendo um artigo, que é um negócio que parece assim tão surreal que a gente fala como a gente está suscetível, a gente acha que, na teoria da recepção, a gente tem um domínio daquilo que está comprando ou consumindo, tanto culturalmente quando economicamente, e na verdade tudo isso está sendo construído. Nesse artigo que eu estava lendo sobre inteligência de mercado, ele traz um case que é um negócio que eu fiquei boquiaberta e queria compartilhar com vocês.

Uma moça que tinha hábitos em um supermercado, e esse supermercado fazia uma inteligência do consumidor, e no padrão de compra dela acusou que possivelmente ela estaria grávida e começou a enviar propaganda de fralda, etc. Ela não sabia que estava grávida mas ela estava grávida, porque mudou o padrão, ela deixou de comprar absorvente, coisas que mensalmente remetiam ao fato dela não estar grávida ela deixou aquele padrão de consumo e passou a consumir outras coisas talvez que um padrão de mulher grávida consumisse.

Ouvinte:

Eu achei muito relevante, nós estamos do lado da Ciência da Informação mas eles têm realidades diferentes de nós que abre um leque de pesquisa e possibilidades de outras contribuições que nós poderíamos estar também fazendo desde nossa área. Então aí eu queria perguntar para a professora Cristiane e professora Juliana se há um diálogo do Governo com esses órgãos da política do ATER, a Juliana falou do SENAR, mas há um diálogo nessas instâncias que pretende aproximar um pouco as pesquisas para diminuir essa distância entre o pesquisador do extensionista e do produtor?

Não sei se olhando desde o extensionista, ou do produtor, ou faculdade, não conheço muito o cenário do extensionismo no Brasil. Mas se existe um diálogo nesse sentido, para aproximar desde política pública aproximar o pesquisador do produtor rural, dos pequenos produtores.

Ouvinte:

Só fazendo um adendo à pergunta dela, que eu acho que também vai complementar com o que eu vou perguntar.

Eu vejo, por exemplo, na UNESP uma participação muito maior da unidade perto de produtores, aqui tem dentro da universidade alguns projetos, e eu venho de uma universidade pública que a gente não via a comunidade dentro da universidade. Algumas pessoas nem tinha noção, por exemplo, do que é a universidade na cidade, com vários cursos, um campus bem maior que o da UNESP/Tupã em que eu vejo no estado de São Paulo essa participação maior. Ao que se deve isso? O que fez com que esses produtores viessem aqui para dentro?

Cristiane:

Eu entendo que são iniciativas isoladas, essa política pública não fomenta essa interação de forma alguma. Até se a gente pegar a história da ATER a gente vai ver que ela chega no Brasil em um modelo totalmente igual ao norte-americano. Eles tentam implantar aqui no Brasil um modelo que havia sido implantado lá e que obviamente não iria funcionar aqui porque as realidades eram diversas.

Teve uma época até que funcionou bem o serviço de extensão no Brasil, hoje se a gente for falar em termos de extensão estadual que é o que está mais próximo da gente, que são feito pela CATI, a CATI hoje está sucateada, não tem dinheiro para por combustível no carro.

Dados que estão sendo coletados eles não conseguem terminar, não conseguem publicar isso porque não tem verba para ir até o produtor e fazer essa coleta.

Hoje qual está sendo o papel da CATI? Ela está esperando o produtor vir até ela porque ela não tem como ir até o produtor, então cada vez mais os Governos, estou falando em nível estadual mas no federal é a mesma coisa talvez até pior, eles estão sucateando esses serviços de extensão rural.

E aí mora um perigo muito maior, que é um perigo do que a Juliana trouxe aqui que é do mercado ocupar esse espaço. Por exemplo, as empresas que vendem insumos, elas vão lá e tentam ocupar essa lacuna e vão lá e falam esse insumo é ótimo mas as vezes não é isso que o produtor precisa, mas ele vai vender o produto dele na verdade.

Ele faz uma extensão explicando como aplicar o produto e tudo mais porque existe uma lacuna. Quando o pessoal dessa cooperativa que eu falei do Paraná, eles fazem assim, o produtor lá não pode comprar nada fora da cooperativa porque os pesquisadores fazem testes e indicam o que pode ser comprado ou não, qual eficiência daquele produto ou não.

Imagina um produtor aqui, ele não tem essa orientação, chega lá e fala, olha esse produto é ótimo, ele é mais barato que esse, e muitas vezes eles mudam por uma questão econômica, ou a questão ambiental que eles não estão nem um pouco preocupados, então eu acho que as políticas públicas deixam muito a desejar e acho que a universidade nesse sentido não pode ficar esperando só das políticas públicas.

Eu acho que aqui é isso, a gente tem feito um movimento para trazer o produtor aqui para dentro e para ir atrás dele também. A gente vê vários projetos que fazem esse movimento mas a gente também tem professores que trabalham com pesquisa voltada para o agro e que não tem essa relação, por isso que eu falo que é individual, são ações individuais.

Então dentro de uma mesma instituição a gente tem as pessoas que estão predispostas à extensão e ao diálogo e pessoas que não estão predispostas.

Juliana:

Complementando a fala da professora Cristiane, se a gente for observar o PRONATEC, que é o programa nacional que trabalha com esses cursos de técnicos e profissionalizantes, quando eles vão aplicar os cursos nas diferentes regiões, eles precisam seguir uma cartilha que tem as diretrizes de manejo, as diretrizes de nutrição animal, as diretrizes de sanidade animal, que são diretrizes gerais mas que se o profissional que está aplicando o curso não fazer a adequação do local que se está sendo oferecido não vai existir esse processo dialógico.

Nós estamos em um ambiente onde está sendo aplicado cursos para produtores rurais, existe o contato ali entre instituição e produtor rural, mas se a aplicabilidade não favorecer aquela região a gente também entra no mesmo desafio.

Existe essa questão de pensar no ambiente como individual em relação aquele grupo, vou aplicar para aquele grupo, porque se eu pensar em só aplicar a cartilha vai ser generalizado e os efeitos não serão tão positivos quanto se esperava.

Cristiane:

Só para complementar, porque eu acho que é um dado interessante, eu estou fazendo um estudo agora sobre uma política pública especificamente do estado de São Paulo que se chama Fomento para fazer integração Lavoura, Pecuária e Floresta, ela chama Integra São Paulo.

Ela é muito semelhante ao Plano ABC, não sei se vocês conhecem mas é muito semelhante na questão do resgate de carbono e também fomenta essa questão da integração, porque é para fazer reforma de pasto, melhor as condições do gado, normalmente é pecuarista que faz esse tipo de financiamento.

O Plano ABC, eu não vou lembrar em teros de percentuais, mas os juros é 3 vezes maior que o do Integra São Paulo. Nós estamos com uma quantidade de pasto degradado aqui no estado de São Paulo absurda.

O Governo, não esse atual, o anterior, ele criou esse Integra São Paulo que foi uma maravilha, mas ele só criou. Você vai no produtor e fala pra ele se eles está fazendo manejo de integração para melhorar seu pasto? Ah, não porque o financiamento do Plano ABC é muito alto e não compensa para gente. Mas vocês conhece o Integra São Paulo? Não, não conheço.

Então você tem algumas regiões, e você vai no conto que você perguntou, lá na região de Rancharia, por exemplo, um agente da CATI que é produtor e pecuarista e teve conhecimento fez, e aí ele é um agente disseminador entre os produtores. Lá funcionou, então você tem uma região de Rancharia na EDR lá que muitos produtores fizeram essa reforma de pasto com esse financiamento. Aqui na região de Tupã ninguém conhece.

É um fomento, mas é uma questão de produtividade ambiental que ajuda muito a questão da terra, do solo, do bem-estar animal, porque gera sombra para o gado, mas não chega.

E nem os agricultores que são clientes bancários divulgam isso para o produtor, não sei porque motivo, talvez porque não seja para eles lucrativo, nem a CATI porque está sucateada.

Não é por mal que ela não faz isso, porque tem extensionistas excelentes dentro da CATI, mas é porque ela não tem condições. Vocês já entraram na CATI aqui? Não tem nem secretária mais, você entra lá e tem que ir direto nas salas porque não tem ninguém para te atender.

Fábio:

Foi mencionado a questão das políticas públicas e eu acho bacana porque as vezes as políticas acabam virando mais um instrumento de marketing do Governo, “ah eu vou ter 21 bilhões pro PRONAF”, isso é o orçado mas se você for fazer a mensuração do que foi de fato executado desses 21 bilhões se for metade.

Juliana:

É interessante que essa questão do marketing é muito por conveniência. Quando nós fizemos aquele trabalho que nós estudamos as políticas públicas voltadas para os jovens, de todos os jovens que eu entrevistei nenhum jovem nunca ouviu falar de política pública para jovem rural, não sabia nem que existiam políticas públicas para o jovem rural. São mais de oito políticas públicas para jovem rural, mais uns três programas, mas ninguém conhecia. Então por que ninguém conhece?

“Ah mas eu nunca ouvi falar”. Realmente nós não vemos nos meios de comunicação falando sobre essas politicas, mas quando você entra em sites governamentais eles divulgam dados, mas lá do Maranhão, umas regiões pontuais para falar que existe, para falar que dá certo, para trazer índices positivos de que funciona, que a vida das pessoas está mudando, mas a vida de quais pessoas está mudando?

Ouvinte:

E geralmente é superestimado, a pesquisa do Fábio foi isso, divulga só o orçado, e quando divulga é sempre no passado, “olha fizemos isso com 20 bilhões”, mas não foi realizado.

Cristiane:

Eu entrevistei um pessoal da CATI de Dracena e o diretor estava falando o seguinte, que ele foi a principal região do estado a implantar essa política pública que era basicamente para dar estrutura básica desde fossa até construir outro tipo de saneamento. Era uma política que não tinha que ter um retorno, o Governo te dava dinheiro para fazer aquilo.

Ele não conseguir, por que? Primeiro ele não conseguia convencer os extensionistas de que aquilo era real, e depois a hora que ele conseguiu eles falaram “não, a gente vai chegar lá para o produtor e falar que não tem que pagar, depois aparece alguma coisa para ele pagar, nunca mais a gente volta”. Ele teve que fazer um trabalho de conscientização do extensionista porque isso era real, porque hoje no Brasil a gente não acredita que alguma coisa seja feita assim para o pequeno produtor, para o grande é sempre, nuca ele paga, mas para o pequeno não.

Aí ele teve que fazer todo esse trabalho com os extensionistas até que ele conseguiu e o extensionista falou para o produtor e o produtor falava “o que eles estão querendo com isso?”. Então foi um trabalho muito grande para conseguir implementar isso, e ele recebeu até prêmio da regional dele lá, mas ele disse que foi dificílimo.

Outras unidades que não tenha a mesma disponibilidade ou estrutura, ou não acreditaram nem o chefe não acreditou de repente, e não conseguiram implantar.

Ouvinte:

Isso entra naquilo que você colocou, que algumas universidades conseguem aproximar um pouquinho mais, não suficientes como esse menino, mas com iniciativas.

Cristiane:

Mas ele conseguiu até um pouco mais de fomento, de pesquisa que a gente acaba deslocando para questão de divulgação científica consequente de extensão, depende de tudo isso. Depende também dessa relação de proximidade.

Ouvinte:

Eu gostaria de fechar aqui nesses últimos minutinhos, e de novo eu gostaria de parabenizar vocês, gostaria de pedir para o Fábio depois pedir uma autorização sua (Juliana) para pegar aquele trechinho que você fala dos dados, informação, que eu achei muito didática, achei muito legal, quando você chegou em sabedoria e volta e fala da importância dos dados, ficou muito didático então parabéns pelo seu esforço de aproximação.

Espero que a Cris cumpra a promessa de lançar o livro que ela ficou devendo (risos) porque é um livro muito importante, e são tantas questões que ainda gostaria de falar mas vou deixar aberto um convite para os próximos encontros, para que vocês estejam presentes, quero agradecer a presença da plateia também e avisar a todos que nos ajudem a divulgar nas suas redes sociais os links dos vídeos que vamos deixar lá, quando mais alcance tiver essas falar mais efeito a gente vai ter, é um trabalho de formiguinha mas é importante.

É uma pedrinha que a gente joga no lago e essa onda vai se abrindo e alcançando outras pessoas, e a gente vai chegar muito longe, podemos não cobrir o mar inteiro mas vamos cobrir aqui a parte que nos cabe. Obrigado.

Cristiane:

Queria só fechar minha fala aqui com um case da literatura de comunicação rural, não sei se alguém já leu Bordenave aqui, mas é um dos principais nomes da comunicação rural e ele tem um case que conta em um daqueles livrinhos da coleção “Primeiros Passos”, que conta o seguinte, que um determinado extensionista de renome e pesquisador também, com todos os méritos, ele foi dar um dia de campo para um grupo de produtores. Ele foi lá, levou dados, um monte de coisa interessante, uma palestra assim de excelência.

E no final da palestra o representante dos produtores o procurou para agradecer da sua palestra, e ele falou “vocês gostaram da palestra”, e ele respondeu “nossa, o doutor é muito inteligente, pena que a gente é burro e não entendeu nada que o senhor falou”. Então eu acho que fica essa reflexão para gente, de ter uma comunicação de acordo com o público que a gente tem e que não precisa ser uma comunicação rebuscada, mas precisa de uma comunicação eficiente e que realmente chegue no público. É isso que eu queria deixar de mensagem para vocês.

Juliana:

Na minha fala, a minha mensagem é dê importância para agricultura familiar, esse tema e essa classe ou setor é extremamente importante, é um setor que abastece nossa mesa, é um setor carente de informação, é um setor carente de atenção. Lá fora existem pouquíssimas pessoas interessadas em olhar para essas pessoas, então nesse ambiente de universidade muitos começando sua graduação agora, ou começando sua fase de pós-graduação mestrado ou doutorado, mas deem atenção porque é muito importante para o desenvolvimento local e para o desenvolvimento do país. Ainda mais quando nós vivemos essas incertezas políticas e incertezas de direcionamento de que rumo nós vamos chegar.

Elizabete:

E quanto nossa área da Ciência da Informação, um campo que a gente tem para poder fazer essa mediação mesmo, entre o produtor, o consumidor, os pesquisadores, todo esse meio campo para poder divulgar e estimular essa comunicação.

Fábio:

Então eu gostaria de agradecer em nome do nosso grupo de pesquisa, a professora Cristiane e a professora Juliana pelas palestras, eu espero que essa aproximação entre vocês e o grupo ela continue e a gente consiga sempre estruturar alguma coisa para contribuir com a nossa área de interesse.

Agradecer à Bete e a Elaine por ter destinado um esforço de fazer essa síntese, essa explicação dos principais resultados de pesquisa. Por trás de muita coisa que a gente falou hoje, ressaltar aquele problema de que as pesquisas ocorrem e poucas vezes depois que são publicadas chegam até a comunidade.

Quando o professor Ricardo teve a ideia de fazer essas exposições era justamente então para, de uma maneira bem simples e direta, vocês podem ver que os vídeos são geralmente curtos, estar comunicando exatamente o ponto principal da sua pesquisa. Então um obrigado para Bete também e para a Elaine.

E agradecer também ao publico presente aqui hoje que compareceu e destinou um pouco do tempo de vocês para estar aqui conversando com a gente, desejo então um bom final de semana a todos, e comunico que em breve divulgaremos mais uma edição do nosso Ciclo de Estudos que aborda dados, informação e tecnologia.


Apoio

Universidade Estadual Paulista (UNESP)Universidade Federal do Pará (UFPA)Competências Digitais para Agricultura Familiar (CoDAF)Grupo de Pesquisa Tecnologia de Acesso a Dados (GPTAD)