8º Ciclo de Estudos Dados, Informação e Tecnologia: Comunicação Rural
Fábio Mosso Moreira
Universidade Estadual Paulista (UNESP) | fabio.moreira@unesp.br | https://orcid.org/0000-0002-9582-4218 | https://lattes.cnpq.br/1614493890723021
Graduado em Administração de Empresas pela Faculdade de Ciências e Engenharia (UNESP/Tupã). Mestrado concluído em Ciência da Informação - Faculdade de Filosofia e Ciências (UNESP/Marília). Doutorado em andamento Programa de Pós-Graduação em Ciência da Informação - Faculdade de Filosofia e Ciências (UNESP/Marília). Atua como membro do Grupo de Pesquisa Novas Tecnologias em Informação - GPNTI (UNESP/Marília) e Grupo de Pesquisa Tecnologia de Acesso a Dados -GPTAD (UNESP / Tupã). Editor de Conteúdo da Revista Eletrônica Competências Digitais para Agricultura Familiar (RECoDAF). Possui Habilidade Profissional Técnica em Informática pela ETEC Massuyuki Kawano - Centro Paula Souza de Tupã. Tem experiência profissional na área de Sistemas de Informação ERP para Operações de Logística. Atualmente realiza pesquisas com foco na investigação de temas ligados à utilização de recursos digitais para a disponibilização e acesso a dados governamentais de Políticas Públicas no âmbito dos pequenos produtores.
Fernando de Assis Rodrigues
Universidade Federal do Pará (UFPA) | fernando@rodrigues.pro.br | https://orcid.org/0000-0001-9634-1202 | https://lattes.cnpq.br/5556499513805582
Professor Adjunto no Instituto de Ciências Sociais Aplicadas, lotado na Faculdade de Arquivologia da Universidade Federal do Pará. Doutor e Mestre em Ciência da Informação pela UNESP - Universidade Estadual Paulista. Especialista em Sistemas para Internet pela UNIVEM - Centro Universitário Eurípides de Marília. Bacharel em Sistemas de Informação pela USC - Universidade do Sagrado Coração. Membro dos grupos de pesquisa GPNTI - Novas Tecnologias em Informação e GPTAD - Tecnologias de Acesso a Dados (UNESP), GPIDT - Informação, Dados e Tecnologia (USP) e GPDM - Dados e Metadados (UFSCar). Editor do periódico RECoDAF - Revista Eletrônica Competências Digitas para a Agricultura Familiar. Atua nas áreas da Ciência da Informação e da Ciência da Computação, com ênfase em Engenharia de Software, Bancos de Dados, Tecnologia de Informação e Comunicação e Ambientes Informacionais Digitais, focado principalmente nos seguintes temas: Coleta de Dados, Dados, Acesso a Dados, Serviços de Redes Sociais Online, Linked Data, Linked Open Data, Metadados, Internet Applications, Linguagens de Programação, Banco de Dados e Bases de Dados, Privacidade, Governo eletrônico, Open Government Data e Transparência Pública.
Ricardo César Gonçalves Sant'Ana
Universidade Estadual Paulista (UNESP) | ricardo.santana@unesp.br | https://orcid.org/0000-0003-1387-4519 | https://lattes.cnpq.br/1022660730972320
Professor Associado da Universidade Estadual Paulista - UNESP, Faculdade de Ciências e Engenharias - FCE, Campus de Tupã, em regime de dedicação exclusiva, onde é Presidente da Comissão de Acompanhamento e Avaliação dos cursos de Graduação - CAACG, Coordenador Local do Centro de Estudos e Práticas Pedagógicas - CENEPP e Ouvidor Local. Professor do Programa de Pós-Graduação em Ciência da Informação da Universidade Estadual Paulista, Campus de Marília. Graduado em Matemática e Pedagogia, Mestrado em Ciência da Informação (2002), Doutorado em Ciência da Informação (2008) e Livre-Docente em Sistemas de Informações Gerenciais pela UNESP (2017). Possui especializações em Orientação à Objetos (1996) e Gestão de Sistemas de Informação (1998). Parecerista ad hoc de periódicos e de agências de fomento. Lider do Grupo de Pesquisa - Tecnologias de Acesso a Dados (GPTAD) e membro do Grupo de Pesquisa - Novas Tecnologias em Informação GPNTI. Tem experiência na área de Ciência da Computação, atualmente realiza pesquisas com foco em: ciência da informação e tecnologia da informação, investigando temas ligados ao Ciclo de Vida dos Dados, Transparência e ao Fluxo Informacional em Cadeias Produtivas. Atuou como professor na Faccat Faculdade de Ciências Contábeis e Administração de Tupã, onde coordenou curso de Administração com Habilitação em Análise de Sistemas por dez anos e o curso de Licenciatura em Computação. Atuou no setor privado como consultor, integrador e pesquisador de novas tecnologias informacionais de 1988 a 2004.
Organizadores
Fábio Mosso Moreira
Universidade Estadual Paulista (UNESP) | fabio.moreira@unesp.br | https://orcid.org/0000-0002-9582-4218 | https://lattes.cnpq.br/1614493890723021
Graduado em Administração de Empresas pela Faculdade de Ciências e Engenharia (UNESP/Tupã). Mestrado concluído em Ciência da Informação - Faculdade de Filosofia e Ciências (UNESP/Marília). Doutorado em andamento Programa de Pós-Graduação em Ciência da Informação - Faculdade de Filosofia e Ciências (UNESP/Marília). Atua como membro do Grupo de Pesquisa Novas Tecnologias em Informação - GPNTI (UNESP/Marília) e Grupo de Pesquisa Tecnologia de Acesso a Dados -GPTAD (UNESP / Tupã). Editor de Conteúdo da Revista Eletrônica Competências Digitais para Agricultura Familiar (RECoDAF). Possui Habilidade Profissional Técnica em Informática pela ETEC Massuyuki Kawano - Centro Paula Souza de Tupã. Tem experiência profissional na área de Sistemas de Informação ERP para Operações de Logística. Atualmente realiza pesquisas com foco na investigação de temas ligados à utilização de recursos digitais para a disponibilização e acesso a dados governamentais de Políticas Públicas no âmbito dos pequenos produtores.
Fernando de Assis Rodrigues
Universidade Federal do Pará (UFPA) | fernando@rodrigues.pro.br | https://orcid.org/0000-0001-9634-1202 | https://lattes.cnpq.br/5556499513805582
Professor Adjunto no Instituto de Ciências Sociais Aplicadas, lotado na Faculdade de Arquivologia da Universidade Federal do Pará. Doutor e Mestre em Ciência da Informação pela UNESP - Universidade Estadual Paulista. Especialista em Sistemas para Internet pela UNIVEM - Centro Universitário Eurípides de Marília. Bacharel em Sistemas de Informação pela USC - Universidade do Sagrado Coração. Membro dos grupos de pesquisa GPNTI - Novas Tecnologias em Informação e GPTAD - Tecnologias de Acesso a Dados (UNESP), GPIDT - Informação, Dados e Tecnologia (USP) e GPDM - Dados e Metadados (UFSCar). Editor do periódico RECoDAF - Revista Eletrônica Competências Digitas para a Agricultura Familiar. Atua nas áreas da Ciência da Informação e da Ciência da Computação, com ênfase em Engenharia de Software, Bancos de Dados, Tecnologia de Informação e Comunicação e Ambientes Informacionais Digitais, focado principalmente nos seguintes temas: Coleta de Dados, Dados, Acesso a Dados, Serviços de Redes Sociais Online, Linked Data, Linked Open Data, Metadados, Internet Applications, Linguagens de Programação, Banco de Dados e Bases de Dados, Privacidade, Governo eletrônico, Open Government Data e Transparência Pública.
Ricardo César Gonçalves Sant'Ana
Universidade Estadual Paulista (UNESP) | ricardo.santana@unesp.br | https://orcid.org/0000-0003-1387-4519 | https://lattes.cnpq.br/1022660730972320
Professor Associado da Universidade Estadual Paulista - UNESP, Faculdade de Ciências e Engenharias - FCE, Campus de Tupã, em regime de dedicação exclusiva, onde é Presidente da Comissão de Acompanhamento e Avaliação dos cursos de Graduação - CAACG, Coordenador Local do Centro de Estudos e Práticas Pedagógicas - CENEPP e Ouvidor Local. Professor do Programa de Pós-Graduação em Ciência da Informação da Universidade Estadual Paulista, Campus de Marília. Graduado em Matemática e Pedagogia, Mestrado em Ciência da Informação (2002), Doutorado em Ciência da Informação (2008) e Livre-Docente em Sistemas de Informações Gerenciais pela UNESP (2017). Possui especializações em Orientação à Objetos (1996) e Gestão de Sistemas de Informação (1998). Parecerista ad hoc de periódicos e de agências de fomento. Lider do Grupo de Pesquisa - Tecnologias de Acesso a Dados (GPTAD) e membro do Grupo de Pesquisa - Novas Tecnologias em Informação GPNTI. Tem experiência na área de Ciência da Computação, atualmente realiza pesquisas com foco em: ciência da informação e tecnologia da informação, investigando temas ligados ao Ciclo de Vida dos Dados, Transparência e ao Fluxo Informacional em Cadeias Produtivas. Atuou como professor na Faccat Faculdade de Ciências Contábeis e Administração de Tupã, onde coordenou curso de Administração com Habilitação em Análise de Sistemas por dez anos e o curso de Licenciatura em Computação. Atuou no setor privado como consultor, integrador e pesquisador de novas tecnologias informacionais de 1988 a 2004.
Extensão rural: os desafios da comunicação na agropecuária
Páginas: 17 - 29
Autores
Juliana Correa Bernardes
Universidade Estadual de Londrina (UEL) | bernardescj@gmail.com | https://orcid.org/0000-0002-4541-4691 | https://lattes.cnpq.br/2106092141135045
Doutoranda em Ciência Animal (UEL), possui Mestrado em Agronegócio e Desenvolvimento (UNESP) e graduação em Medicina Veterinária (UNIFAI). É membro dos projetos de extensão CoDAF e Kamby "De olho no leite", e participa do Grupo de Pesquisa Gestão e Educação Ambiental (PGEA). Tem experiência profissional em clínica e manejo de equídeos e bovinocultura de corte e leite, clínica e cirurgia de pequenos animais.
Transcrição do Vídeo
Bom dia a todos, também agradeço ao convite do Fábio, do professor Ricardo, eu tenho uma imensa honra de estar aqui hoje. Quando estive aqui na UNESP, participei do grupo da CoDAF e foi um período muito importante na minha vida, para me desenvolver enquanto aluna, enquanto profissional, e para compartilhar conhecimento com os amigos e aprender sempre. Então, a gente fica até um pouco emocionada de estar aqui hoje e poder contribuir com vocês.
A minha fala, que é depois da fala da professora Cristiane, traz tanto conhecimento técnico quanto conhecimento de docência e de pesquisa, e é uma fala mais de experiência na prática, é como nós lidamos com esses desafios de extensão principalmente no que tange à questão da comunicação que é a principal. Nós podemos dizer que a comunicação não é a solução para tudo, seria pretensão, mas nós podemos afirmar que sim, ela é a ponte para nós alcançarmos a solução.
Vamos entender um pouquinho como é que funciona essa questão da comunicação na prática com os produtores. Quando a gente pensa em extensão rural a gente pensa que a gente está dentro de um objetivo no qual nós vamos levar informações para os produtores para os grupos e essas informações serão transformadas e elas vão mudar o ambiente em que os produtores se encontram. Eu acho que eu trouxe aqui essa imagem que ilustra de uma maneira bem interessante. Então ali nós temos a parte em que estamos recebendo as informações e depois que o indivíduo conseguiu assimilar essas informações, ele transforma isso em criatividade em produtividade e eficiência dentro do seu setor.
Nós temos que entender que essas ferramentas precisam ser direcionadas de uma maneira para que isso tudo aconteça de fato, e não seja só um diálogo que vai ser perdido ou não seja só uma informação que não vai ser colocado em prática. Então vamos entender primeiro como é que se dá à questão da extensão rural do país. Se a gente for lá atrás na história e buscar os meios de comunicação, quando eles foram criados, nós vamos observar que a extensão rural no Brasil, embora que em cada estado do país, essa extensão aconteceu em momentos diferentes com altos e baixos.
Teve a questão da revolução verde, lá em Minas Gerais, por exemplo, a associação de crédito e assistência rural já começou a desenvolver esses encontros. E qual era o objetivo deles? Olha, nós precisamos juntar todo mundo e conversar, porque o produtor tem dificuldade com uma coisa outro também têm essa mesma dificuldade ou outro ter uma dificuldade diferente. Se nós conseguirmos juntar todo mundo e conversar talvez as informações vão contribuir e nós vamos melhorar alguma coisa do que está acontecendo.
E o objetivo é: nós vamos às propriedades também, nós vamos analisar as lavouras, nós vamos observar os rebanhos, nós vamos verificar como se dá essa relação da família, da sanidade local, nós vamos tentar entender como que nós vamos fazer para que as coisas melhorem naquele ambiente. É tudo muito bonito, a proposta é muito interessante, só que nós sabemos que a prática não é bem assim. Até porque tem as dificuldades da abordagem da comunicação tem a dificuldade do que eu estou levando, talvez, na unidade daquele produtor e nem sempre aquela informação é necessária naquele ambiente e eu posso também correr o risco de chegar em um ambiente que eu não conheço e não entendo como que acontece as coisas ali e acabo deixando passar alguma coisa que para o produtor é importante.
Isso acontece muito, por exemplo, com o extensionista que está vinculado às associações privadas ou a empresas, então de repente eu chego em um rebanho e falo, olha, o seu gado tá com o score corporal (que é um índice que vai medir se o animal está magro ou não) muito baixo, então eu venho aqui eu estou oferecendo para você um suplemento, esse suplemento é sensacional, o seu animal vai comer e tem um alto teor de proteína que é o que faz uma conversão alimentar maior e vai fazer com que esse animal ganhe peso. Só que eu não observei o pasto, poxa esse animal não está precisando de um suplemento, o proprietário que às vezes nem têm dinheiro para investir no suplemento, ele está precisando de alguém que orienta ele a fazer o manejo de pasto, porque aquela grama também vai fazer a conversão alimentar e também vai aumentar o score corporal daquele animal.
Então o que eu enquanto extensionista tenho pensado e tenho me colocado tenho feito esse exercício de me colocar no lugar do produtor? As vezes é muito mais simples, é a questão do anotar, do dado, o produtor rural gente é muito engraçado essa fala, mas é uma realidade. O produtor rural tem muita dificuldade de anotar. Eles falam assim: “Ah tá tudo aqui na minha cabeça”. Eu fico com uma inveja, porque eu falo assim “gente eu não sei o que eu fiz de manhã”. Se eu não anotar nem tentar traçar as minhas informações ali de um jeito que me ajude a lidar com minha rotina, com o meu cotidiano, eu não consigo. Eu esqueço as datas, eu esqueço as informações e nós sabemos que eles também esquecem. Mas é porque também a gente entra em contato um outro desafio, que é a cultura e a gente vai falar um pouco mais disso.
Então vamos entender primeiro como é que funciona a Assistência Técnica e Extensão Rural do país. Quais são os setores que eles desenvolvem? Quando nós acessamos a página da ATER, nós temos esses quatro elos que estão relacionados à ATER.
O primeiro elo é: Apoiar projetos – ferramenta de desenvolvimento rural. E nós temos políticas públicas direcionadas para médios e pequenos produtores. E quando nós vamos estudar essas políticas públicas nós somos surpreendidos. Por quê? Porque o manual de crédito ao produtor rural, oferece algumas lacunas que acabam sendo excludentes para esses produtores, há alguns critérios que excluem. Então por exemplo, “olha para você conseguir esse empréstimo você precisa está vinculado ao Pronaf”, mas as vezes aquele proprietário não consegue também atingir os critérios que façam com que ele se vincule o Pronaf. Poxa então essa política pública não está conseguindo agregar todo mundo, ela está excluindo um grupo! Vamos repensar isso ‘aí’.
Um outro setor. Monitoramento de ações e indicadores de resultado – nesse setor eles abrem espaços para que seja feita investigação de como está acontecendo essa assistência rural. Será que ela está sendo eficiente? Será que realmente os produtores estão sendo atendidos? Eles fazem uma avaliação.
O próximo setor é a Capacitação de produtores técnicos, parcerias e ações – são os cursos oferecidos pelo Pronaf e pelo SENAR. Esse setor particularmente é um setor que eu vejo que é bastante significativo dentro da ATER, porque esses cursos são bastante importantes para os produtores. Eu tive a oportunidade de participar de um desses cursos (que é o Pró-leite) e realmente é um curso que é eficiente e que eu vejo que traz bastante resultado positivo para os produtores.
E por fim o Desenvolvimento da classe média rural – que é essa atenção específica para os produtores menores, para que os produtores que têm dificuldade, mas que nós já vimos quando nós vamos estudar as políticas públicas que acaba sendo infelizmente excludente, não é oferecida para todos.
E ‘aí’ gente, o produtor rural se vê sozinho. Porque ele tem todas as informações então tem o extensionista que vai conversar com ele, o vizinho que vai falar pra ele que ele fez tal e tal e tal coisa funcionou para ele fazer também, ele tem a preocupação de que ele precisa plantar, de que ele precisa comprar o insumo pra oferecer para a vaca dele, para dar leite para ele sustentar a família, ele está com esse problema de que ele não tem dinheiro para investir tudo no vermelho e tem muita coisa para arrumar e ele entra num conflito.
Esse conflito, quando ele encontra essa questão do extensionista que têm dificuldade da abordagem, o extensionista que têm dificuldade do olhar, isso tudo piora a situação dele. Ele se vê muito sozinho, porque a gente tem que pensar que o produtor rural trabalha com uma margem de muito alta!
Quando ele consegue empréstimo, ele investe na produção dele, mas ele também tem a questão do problema climático que vai interferir na produção dele, ele tem a questão dos problemas de rotina os desafios, ele está preocupado sustentar a família, ele esta preocupado com os filhos na escola, ele está preocupado se ele está investindo na propriedade dele e se o filho dele vai continuar ou não com aquela propriedade, porque às vezes é um trabalho que está investindo que veio desde o avô do pai dele, mas que o filho não tem interesse de continuar. Então, estou trazendo essas questões, esses conflitos do produtor porque eles relatam todas as coisas para nós. É como a professora Cristiane exemplificou na fala dela “quando a gente cria esse vínculo com o produtor e existe essa abertura de uma conversa mais franca, isso tudo é exposto para nós e o que eu falo e o qual é o tipo de informação ou de motivação que eu posso passar para esse produtor?” Eu não estou na pele dele, eu não estou vivenciando os desafios que ele vencia, mas eu posso sim tentar ajudá-lo a pensar nas melhores tomadas de decisão.
Eu adoro essa imagem. É uma imagem que quando eu vi a primeira vez, eu tive o contato no grupo CoDAF, e eu ficava pensando “como é que vão explicar essa imagem para o produtor rural?” e fiquei aqui quebrando a cabeça. Bom, vamos tentar explicar essa imagem para o produtor rural. E eu tentando explicar pro senhor João (João é um nome fictício). “Mas vamos lá senhor João. Quando nós temos um negócio, quando nós tentamos gerir uma propriedade, nós temos que pensar que nós temos diversas etapas. Então vamos entender essa imagem. O objetivo dela chegar lá a sabedoria, Quando eu tenha sabedoria, claro, os desafios vão continuar? Vão continuar! Da sabedoria ela respalda com que eu tenha melhores tomadas de decisão, ela me traz alguns confortos né comparado quando eu não tenho essa sabedoria então vou passar por muito mais riscos.”
Então vamos pensar na produção de leite. O que seria o dado? O dado seria: a vaca produz em média 20 litros de leite por dia. Isso é um dado. Ok? Informação: a vaca holandesa produz em média 25 litros de leite por dia, então eu já associei um dado com uma informação, porque eu sei que algumas raças têm uma predisposição maior de produzir mais leite. Conhecimento: é entender que a vaca holandesa que tem uma de produção de 25 litros de leite por dia, ela se inserida em um manejo eficiente e tiver uma sanidade animal um dia, ela pode produzir até 30 litros de leite por dia, então estou associando informações. E a ideia: olha só, se eu sei que a minha vaca holandesa pode produzir mais de acordo com o meu manejo, o que eu posso fazer para melhorar em relação à genética, em relação aos outros animais que não têm essa pré-disposição tão alta comparada vaca holandesa.
E aí eu chego na minha sabedoria. A minha sabedoria é: entender que existem animais diferentes, com raças diferentes, com genética diferente, mas dependendo do manejo que o exercer com todas essas informações que eu tenho, eu consigo tentar chegar a uma eficiência produtiva melhor. Só que eu preciso entender que quando eu chego na sabedoria eu preciso ter dado atenção ao dado. Se eu não dei atenção ao dado eu não consigo entender o resto do processo. Então por isso que é muito importante nós, enquanto pesquisadores, estudantes, profissionais que trabalham diretamente ou indiretamente com a produção, fazer com que esses produtores entendam que o dado é importante e ele faz parte do dia a dia, o dado está ali embora não utilize ou esqueça de anotar o dado existe.
E quando a gente pensa nos desafios do dia a dia da relação produtores-extensionistas, técnico-profissional eu apontei alguns desafios que a gente vem percebendo, que a gente vem estudando nas pesquisas e principalmente que está presente no dia a dia.
Os Ruídos de comunicação: que é um desafio o clássico, que eu falo uma coisa ele entende outra e aí vem aquele telefone sem fio e a informação ela não é válida, teve o ruído e não existe mais informação.
Informações e ações generalizadas: é aquela questão eu venho aqui em Tupã e eu desenvolvo um projeto e esse projeto dá certo com os produtores daqui, eu acho o modelo sensacional, eu vou lá no Paraná e quero aplicar esse projeto lá. Vai dar certo? “A vai dar certo porque o plano deu certo”. Não, nós não temos garantia que vai dar certo. É uma outra realidade, é um outro clima, é uma outra cultura e eu tenho que considerar todos esses fatores.
O Mercado oportunista: é justamente aquela questão da empresa que não está se importando com a necessidade específica daquele produtor. Ela não entende o produtor como indivíduo, ela entende o produtor como uma oportunidade de ganho. E ela transpõe todos os objetivos, que é o principal: fazer com que a vida daquele produtor melhore. Então a questão da oferta e da procura e todas as relações capitalistas não cabe aqui a gente discute agora.
Pesquisa e desenvolvimento: tudo o que a professora Cristiane acabou de colocar aqui pra gente, se gente pensar nos três pilares extensão rural, pesquisa e produção, a extensão é o elo que liga aos outros pilares, se não existe um fluxo linear entre esses pilares não vai existir a possibilidade com que isso se desenvolva de maneira harmoniosa.
E por fim a Educação e inclusão tecnológica: nós presenciamos muito a questão do produtor não saber usar o computador, não saber usar uma planilha de Excel, ‘poxa vida’ como o Excel facilita a nossa vida. Não é mesmo? Agora no meu doutorado eu estou fazendo o trabalho com 780 vacas. São diversas informações de 780 vacas. Se não fossem as fórmulas do Excel eu estaria perdida, porque são tantas informações, tantos cálculos que eu preciso fazer a todo momento que se não existisse aquela fórmula dificultaria muito o meu trabalho. Como é importante a gente mostrar para o produtor rural que o Excel uma ferramenta excelente. Sim, ela pode parecer num primeiro momento uma ferramenta difícil, ‘eu não vou conseguir mexer nisso’, mas com paciência e trabalhando a questão da inclusão nós podemos sim fazer com que ele se desenvolva e aprenda a ferramenta.
Eu trouxe em caso aqui pra vocês ‘contar um causo’ com nós falamos lá na roça, de uma oportunidade de ser chamada para atender um haras em uma região do Paraná e o produtor ele falou assim “olha, ele me procurou na universidade e ele queria o pessoal da pesquisa, os veterinários trabalhassem com essa questão da sanidade animal. O orientador falou pra que eu fosse atendê-lo e atendê-lo. Ele falou assim, olha eu estou com um problema muito sério aqui no haras, as minhas éguas estão abordando muito e elas são vacinadas. Eu não sei o que está acontecendo. Então vai o pesquisador, o profissional fazer anamnese, que é a investigação do caso. Então nós chegamos lá, igual essa imagem aqui com a ‘lupinha’, vamos investigar tudo, é um sentido de ser detetive mesmo.
Primeira coisa que eu tenho que observar. As Instalações: porque existem muitas patologias que estão relacionadas com o aborto, muitas patologias que podem proporcionar esse aborto nos animais. Só que também tem a questão do ambiente, então tem que observar a instalação, como é feito o manejo do alimento desses animais, se é todo seguro, se é tudo limpo, enfim, eu tenho que fazer todos essas observações para ir montando o quebra-cabeça.
O Manejo: é vacinado, não é vacinado, quantas vezes oferece alimentação, as éguas que estão prenhas elas são divididas do rebanho, existe um tratamento, tem outro manejo, outra rotina com elas? E eu vou coletando informação, o que esses animais comem, só pastos, se é ração, se é suplemento ou onde ficam armazenadas essas rações e esses suplementos? E vou fazer uma investigação, sanidade animal, a questão da vacina e se está tudo em ordem, se ele faz essa prática da sanidade animal. E vou coletar exames laboratoriais. Pelo que ele me escreveu poderia ser diversas patologias, então preciso coletar tal como quando nós vamos um médico, nós precisamos fazer os exames para ele tentar chegar na causa da doença, e quando observei as instalações dele eu vi que as rações eram abertas, elas ficavam no chão e eu pensei no que? Em leptospirose. Porque a leptospirose na fase aguda causa aborto nos animais e ela causa infecção ocular. E tinha égua com infecção ocular, no entanto essa esses sintomas também são sintomas da babesiose, que é uma doença transmitida por carrapatos, então eu vou lá buscando informação, buscando diagnósticos prováveis, mas eu tenho que chegar e na minha sorologia para tentar chegar a um diagnóstico mesmo.
E enquanto não saiu o resultado da sorologia, eu fui, em uma abordagem bem clara, com todos os cuidados, da sorte que eu tive de vivenciar o mestrado em agronegócio e desenvolvimento, de conhecer a comunicação, de tentar diminuir os ruídos da comunicação, expliquei para ele de todas as orientações necessárias e falei pra ele especificamente da ração. Ele, “não eu entendi tudo, nós vamos mudar..”, ok. Uma semana depois eu cheguei lá de surpresa, porque é assim que a gente fez se a pessoa realmente acatou aquilo que foi dito, nós não podemos avisar, ‘igual visita, a gente não pode avisar quando tem visita para não limpar a casa, tem chegar do jeito que está a rotina da gente’.
E eu encontrei o quartinho em que eles armazenam os suplementos e as rações. Ele realmente colocou um ‘paletezinho’ para a ração não ficar em contato com o chão e não ter umidade na ração. Mas olha lá sacos abertos, o rato tem acesso e a leptospirose é transmitida pela urina do rato, a bactéria fica o ducto urinário e ali eu tenho uma fonte, e depois realmente saiu o resultado da sorologia e foi o diagnóstico de leptospirose.
Então o que eu entendi depois disso? Que além de todos os desafios que nós falamos aqui, os desafios que a professora Cristiane também apresentou e existe a questão da predisposição então. A comunicação também está relacionada a qualquer disposição, que por mais claro que o produtor é pra expor suas dificuldades para o extensionista, ou o mais claro que o extensionista é para passar informação para o produtor, é preciso existir a pré-disposição das duas partes para conseguir e falar assim ‘não eu vou acatar o que ele me disse, vou tentar trabalhar com as informações da melhor forma possível’.
Tem uma frase que é maravilhosa, um cineasta, ator colombiano que diz assim: “entre o que eu penso, o que eu quero dizer, o que eu digo, o que você ouve, o que você quer ouvir e o que você acha que entendeu, há um abismo. Eu acho que é uma frase maravilhosa para a gente repensar essa questão da comunicação, eu espero ter contribuído um pouco com vocês e depois do nosso bate-papo aqui na mesa redonda a gente pode melhorar ainda mais informações sobre essas experiências muito obrigada.