Informação, Dados e Tecnologia

Guilherme Ataíde Dias

Universidade Federal da Paraíba (UFPB) | guilhermeataide@ccsa.ufpb.br | https://orcid.org/0000-0001-6576-0017 | https://lattes.cnpq.br/9553707435669429

Graduado em Ciência da Computação pela Universidade Federal da Paraíba – UFPB Campus II (1990), Bacharel em Direito pelo Centro Universitário de João Pessoa – UNIPE (2010), Mestre em Organization & Management pela Central Connecticut State University – CCSU (1995), Doutor em Ciência da Informação (Ciências da Comunicação) pela Universidade de São Paulo – USP (2003) e Pós-Doutor pela UNESP (2011). Atualmente é professor Associado III na Universidade Federal da Paraíba, lotado no Departamento de Ciência da Informação. Está envolvido com a Pós-Graduação através do Programa de Pós-Graduação em Ciência da Informação e Programa de Pós-Graduação em Administração, ambos da UFPB. Tem interesse de pesquisa nas seguintes temáticas: Representação do Conhecimento; Arquitetura da Informação; Segurança da Informação; Tecnologias da Informação e Comunicação; Informação em Saúde; Redes Sociais; Software Livre; Direito, Ética e Propriedade Intelectual no Ciberespaço; Gestão de Dados Científicos; Informação Jurídica; Atualmente é Bolsista de Produtividade em Pesquisa (PQ) do CNPq.

Moisés Lima Dutra

Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) | moises.dutra@ufsc.br | https://orcid.org/0000-0003-1000-5553 | https://lattes.cnpq.br/1973469817655034

Professor Adjunto da Universidade Federal de Santa Catarina, Departamento de Ciência da Informação. Doutor em Computação pela Universidade de Lyon 1, França (2009). Mestre em Engenharia Elétrica, subárea Automação e Sistemas (2005) e Bacharel em Computação (1998) pela Universidade Federal de Santa Catarina. Suas atuais linhas de pesquisa estão relacionadas a Inteligência Artificial Aplicada (Machine Learning, Deep Learning, Web Semântica, Linked Data) e a Data Science (Text Mining, Big Data, IoT). Está vinculado ao grupo de pesquisa ITI-RG (Inteligência, Tecnologia e Informação - Research Group).

Fábio Mosso Moreira

Universidade Estadual Paulista (UNESP) | fabio.moreira@unesp.br | https://orcid.org/0000-0002-9582-4218 | https://lattes.cnpq.br/1614493890723021

Graduado em Administração de Empresas pela Faculdade de Ciências e Engenharia (UNESP/Tupã). Mestrado concluído em Ciência da Informação - Faculdade de Filosofia e Ciências (UNESP/Marília). Doutorado em andamento Programa de Pós-Graduação em Ciência da Informação - Faculdade de Filosofia e Ciências (UNESP/Marília). Atua como membro do Grupo de Pesquisa Novas Tecnologias em Informação - GPNTI (UNESP/Marília) e Grupo de Pesquisa Tecnologia de Acesso a Dados -GPTAD (UNESP / Tupã). Editor de Conteúdo da Revista Eletrônica Competências Digitais para Agricultura Familiar (RECoDAF). Possui Habilidade Profissional Técnica em Informática pela ETEC Massuyuki Kawano - Centro Paula Souza de Tupã. Tem experiência profissional na área de Sistemas de Informação ERP para Operações de Logística. Atualmente realiza pesquisas com foco na investigação de temas ligados à utilização de recursos digitais para a disponibilização e acesso a dados governamentais de Políticas Públicas no âmbito dos pequenos produtores.

Fernando de Assis Rodrigues

Universidade Federal do Pará (UFPA) | fernando@rodrigues.pro.br | https://orcid.org/0000-0001-9634-1202 | https://lattes.cnpq.br/5556499513805582

Professor Adjunto no Instituto de Ciências Sociais Aplicadas, lotado na Faculdade de Arquivologia da Universidade Federal do Pará. Doutor e Mestre em Ciência da Informação pela UNESP - Universidade Estadual Paulista. Especialista em Sistemas para Internet pela UNIVEM - Centro Universitário Eurípides de Marília. Bacharel em Sistemas de Informação pela USC - Universidade do Sagrado Coração. Membro dos grupos de pesquisa GPNTI - Novas Tecnologias em Informação e GPTAD - Tecnologias de Acesso a Dados (UNESP), GPIDT - Informação, Dados e Tecnologia (USP) e GPDM - Dados e Metadados (UFSCar). Editor do periódico RECoDAF - Revista Eletrônica Competências Digitas para a Agricultura Familiar. Atua nas áreas da Ciência da Informação e da Ciência da Computação, com ênfase em Engenharia de Software, Bancos de Dados, Tecnologia de Informação e Comunicação e Ambientes Informacionais Digitais, focado principalmente nos seguintes temas: Coleta de Dados, Dados, Acesso a Dados, Serviços de Redes Sociais Online, Linked Data, Linked Open Data, Metadados, Internet Applications, Linguagens de Programação, Banco de Dados e Bases de Dados, Privacidade, Governo eletrônico, Open Government Data e Transparência Pública.

Ricardo César Gonçalves Sant'Ana

Universidade Estadual Paulista (UNESP) | ricardo.santana@unesp.br | https://orcid.org/0000-0003-1387-4519 | https://lattes.cnpq.br/1022660730972320

Professor Associado da Universidade Estadual Paulista - UNESP, Faculdade de Ciências e Engenharias - FCE, Campus de Tupã, em regime de dedicação exclusiva, onde é Presidente da Comissão de Acompanhamento e Avaliação dos cursos de Graduação - CAACG, Coordenador Local do Centro de Estudos e Práticas Pedagógicas - CENEPP e Ouvidor Local. Professor do Programa de Pós-Graduação em Ciência da Informação da Universidade Estadual Paulista, Campus de Marília. Graduado em Matemática e Pedagogia, Mestrado em Ciência da Informação (2002), Doutorado em Ciência da Informação (2008) e Livre-Docente em Sistemas de Informações Gerenciais pela UNESP (2017). Possui especializações em Orientação à Objetos (1996) e Gestão de Sistemas de Informação (1998). Parecerista ad hoc de periódicos e de agências de fomento. Lider do Grupo de Pesquisa - Tecnologias de Acesso a Dados (GPTAD) e membro do Grupo de Pesquisa - Novas Tecnologias em Informação GPNTI. Tem experiência na área de Ciência da Computação, atualmente realiza pesquisas com foco em: ciência da informação e tecnologia da informação, investigando temas ligados ao Ciclo de Vida dos Dados, Transparência e ao Fluxo Informacional em Cadeias Produtivas. Atuou como professor na Faccat Faculdade de Ciências Contábeis e Administração de Tupã, onde coordenou curso de Administração com Habilitação em Análise de Sistemas por dez anos e o curso de Licenciatura em Computação. Atuou no setor privado como consultor, integrador e pesquisador de novas tecnologias informacionais de 1988 a 2004.


Organizadores

Guilherme Ataíde Dias

Universidade Federal da Paraíba (UFPB) | guilhermeataide@ccsa.ufpb.br | https://orcid.org/0000-0001-6576-0017 | https://lattes.cnpq.br/9553707435669429

Graduado em Ciência da Computação pela Universidade Federal da Paraíba – UFPB Campus II (1990), Bacharel em Direito pelo Centro Universitário de João Pessoa – UNIPE (2010), Mestre em Organization & Management pela Central Connecticut State University – CCSU (1995), Doutor em Ciência da Informação (Ciências da Comunicação) pela Universidade de São Paulo – USP (2003) e Pós-Doutor pela UNESP (2011). Atualmente é professor Associado III na Universidade Federal da Paraíba, lotado no Departamento de Ciência da Informação. Está envolvido com a Pós-Graduação através do Programa de Pós-Graduação em Ciência da Informação e Programa de Pós-Graduação em Administração, ambos da UFPB. Tem interesse de pesquisa nas seguintes temáticas: Representação do Conhecimento; Arquitetura da Informação; Segurança da Informação; Tecnologias da Informação e Comunicação; Informação em Saúde; Redes Sociais; Software Livre; Direito, Ética e Propriedade Intelectual no Ciberespaço; Gestão de Dados Científicos; Informação Jurídica; Atualmente é Bolsista de Produtividade em Pesquisa (PQ) do CNPq.

Moisés Lima Dutra

Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) | moises.dutra@ufsc.br | https://orcid.org/0000-0003-1000-5553 | https://lattes.cnpq.br/1973469817655034

Professor Adjunto da Universidade Federal de Santa Catarina, Departamento de Ciência da Informação. Doutor em Computação pela Universidade de Lyon 1, França (2009). Mestre em Engenharia Elétrica, subárea Automação e Sistemas (2005) e Bacharel em Computação (1998) pela Universidade Federal de Santa Catarina. Suas atuais linhas de pesquisa estão relacionadas a Inteligência Artificial Aplicada (Machine Learning, Deep Learning, Web Semântica, Linked Data) e a Data Science (Text Mining, Big Data, IoT). Está vinculado ao grupo de pesquisa ITI-RG (Inteligência, Tecnologia e Informação - Research Group).

Fábio Mosso Moreira

Universidade Estadual Paulista (UNESP) | fabio.moreira@unesp.br | https://orcid.org/0000-0002-9582-4218 | https://lattes.cnpq.br/1614493890723021

Graduado em Administração de Empresas pela Faculdade de Ciências e Engenharia (UNESP/Tupã). Mestrado concluído em Ciência da Informação - Faculdade de Filosofia e Ciências (UNESP/Marília). Doutorado em andamento Programa de Pós-Graduação em Ciência da Informação - Faculdade de Filosofia e Ciências (UNESP/Marília). Atua como membro do Grupo de Pesquisa Novas Tecnologias em Informação - GPNTI (UNESP/Marília) e Grupo de Pesquisa Tecnologia de Acesso a Dados -GPTAD (UNESP / Tupã). Editor de Conteúdo da Revista Eletrônica Competências Digitais para Agricultura Familiar (RECoDAF). Possui Habilidade Profissional Técnica em Informática pela ETEC Massuyuki Kawano - Centro Paula Souza de Tupã. Tem experiência profissional na área de Sistemas de Informação ERP para Operações de Logística. Atualmente realiza pesquisas com foco na investigação de temas ligados à utilização de recursos digitais para a disponibilização e acesso a dados governamentais de Políticas Públicas no âmbito dos pequenos produtores.

Fernando de Assis Rodrigues

Universidade Federal do Pará (UFPA) | fernando@rodrigues.pro.br | https://orcid.org/0000-0001-9634-1202 | https://lattes.cnpq.br/5556499513805582

Professor Adjunto no Instituto de Ciências Sociais Aplicadas, lotado na Faculdade de Arquivologia da Universidade Federal do Pará. Doutor e Mestre em Ciência da Informação pela UNESP - Universidade Estadual Paulista. Especialista em Sistemas para Internet pela UNIVEM - Centro Universitário Eurípides de Marília. Bacharel em Sistemas de Informação pela USC - Universidade do Sagrado Coração. Membro dos grupos de pesquisa GPNTI - Novas Tecnologias em Informação e GPTAD - Tecnologias de Acesso a Dados (UNESP), GPIDT - Informação, Dados e Tecnologia (USP) e GPDM - Dados e Metadados (UFSCar). Editor do periódico RECoDAF - Revista Eletrônica Competências Digitas para a Agricultura Familiar. Atua nas áreas da Ciência da Informação e da Ciência da Computação, com ênfase em Engenharia de Software, Bancos de Dados, Tecnologia de Informação e Comunicação e Ambientes Informacionais Digitais, focado principalmente nos seguintes temas: Coleta de Dados, Dados, Acesso a Dados, Serviços de Redes Sociais Online, Linked Data, Linked Open Data, Metadados, Internet Applications, Linguagens de Programação, Banco de Dados e Bases de Dados, Privacidade, Governo eletrônico, Open Government Data e Transparência Pública.

Ricardo César Gonçalves Sant'Ana

Universidade Estadual Paulista (UNESP) | ricardo.santana@unesp.br | https://orcid.org/0000-0003-1387-4519 | https://lattes.cnpq.br/1022660730972320

Professor Associado da Universidade Estadual Paulista - UNESP, Faculdade de Ciências e Engenharias - FCE, Campus de Tupã, em regime de dedicação exclusiva, onde é Presidente da Comissão de Acompanhamento e Avaliação dos cursos de Graduação - CAACG, Coordenador Local do Centro de Estudos e Práticas Pedagógicas - CENEPP e Ouvidor Local. Professor do Programa de Pós-Graduação em Ciência da Informação da Universidade Estadual Paulista, Campus de Marília. Graduado em Matemática e Pedagogia, Mestrado em Ciência da Informação (2002), Doutorado em Ciência da Informação (2008) e Livre-Docente em Sistemas de Informações Gerenciais pela UNESP (2017). Possui especializações em Orientação à Objetos (1996) e Gestão de Sistemas de Informação (1998). Parecerista ad hoc de periódicos e de agências de fomento. Lider do Grupo de Pesquisa - Tecnologias de Acesso a Dados (GPTAD) e membro do Grupo de Pesquisa - Novas Tecnologias em Informação GPNTI. Tem experiência na área de Ciência da Computação, atualmente realiza pesquisas com foco em: ciência da informação e tecnologia da informação, investigando temas ligados ao Ciclo de Vida dos Dados, Transparência e ao Fluxo Informacional em Cadeias Produtivas. Atuou como professor na Faccat Faculdade de Ciências Contábeis e Administração de Tupã, onde coordenou curso de Administração com Habilitação em Análise de Sistemas por dez anos e o curso de Licenciatura em Computação. Atuou no setor privado como consultor, integrador e pesquisador de novas tecnologias informacionais de 1988 a 2004.


A questão da identidade da CI frente aos cenários apresentados do paradigma dos dados

Páginas: 95 - 112

Autores

Sandra de Albuquerque Siebra

Universidade Federal de Pernambuco (UFPE) | sandra.siebra@gmail.com | https://orcid.org/0000-0002-0078-6918 | https://lattes.cnpq.br/4923627544089379

Possui doutorado em Ciências da Computação pela Universidade Federal de Pernambuco (2007), mestrado em Ciência da Computação pela Universidade Federal de Pernambuco (1998) e graduação no curso de Bacharelado em Ciencia da Computacao pel Universidade Federal da Paraíba. Atualmente é professora adjunta da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), lotada no Departamento de Ciência da Informação (DCI). É professora do Programa de Pós-graduação em Ciência da Informação e pesquisadora do Laboratório LIBER/UFPE. Atua também como colaboradora nos projetos de educação à distância do Instituto Aggeu Magalhães/Fiocruz, no papel de design instrucional. Tem interesse, principalmente, nos seguintes temas: Curadoria Digital, Preservação Digital, Repositórios Digitais, Arquitetura da Informação, Interação Humano-Computador, Design Instrucional, Educação a Distância, Objetos Culturais e Aprendizagem Colaborativa.

Ricardo César Gonçalves Sant'Ana

Universidade Estadual Paulista (UNESP) | ricardo.santana@unesp.br | https://orcid.org/0000-0003-1387-4519 | https://lattes.cnpq.br/1022660730972320

Professor Associado da Universidade Estadual Paulista - UNESP, Faculdade de Ciências e Engenharias - FCE, Campus de Tupã, em regime de dedicação exclusiva, onde é Presidente da Comissão de Acompanhamento e Avaliação dos cursos de Graduação - CAACG, Coordenador Local do Centro de Estudos e Práticas Pedagógicas - CENEPP e Ouvidor Local. Professor do Programa de Pós-Graduação em Ciência da Informação da Universidade Estadual Paulista, Campus de Marília. Graduado em Matemática e Pedagogia, Mestrado em Ciência da Informação (2002), Doutorado em Ciência da Informação (2008) e Livre-Docente em Sistemas de Informações Gerenciais pela UNESP (2017). Possui especializações em Orientação à Objetos (1996) e Gestão de Sistemas de Informação (1998). Parecerista ad hoc de periódicos e de agências de fomento. Lider do Grupo de Pesquisa - Tecnologias de Acessoa a Dados (GPTAD) e membro do Grupo de Pesquisa - Novas Tecnologias em Informação GPNTI. Tem experiência na área de Ciência da Computação, atualmente realiza pesquisas com foco em: ciência da informação e tecnologia da informação, investigando temas ligados ao Ciclo de Vida dos Dados, Transparência e ao Fluxo Informacional em Cadeias Produtivas. Atuou como professor na Faccat Faculdade de Ciências Contábeis e Administração de Tupã, onde coordenou curso de Administração com Habilitação em Análise de Sistemas por dez anos e o curso de Licenciatura em Computação. Atuou no setor privado como consultor, integrador e pesquisador de novas tecnologias informacionais de 1988 a 2004.

Plácida Leopoldina Ventura Amorim da Costa Santos

Universidade Estadual Paulista (UNESP) | placida@marilia.unesp.br | https://lattes.cnpq.br/7408791408049766

Livre-docente em Catalogação pela UNESP (2010), doutora em Letras - Semiótica e Lingüística Geral pela FFLCH/USP (1994), mestre em Ciência da Informação pela PUC de Campinas (1983) e bacharel em Biblioteconomia pela UNESP (1980). Docente permanente do Programa de Pós-Graduação em Ciência da Informação da FFC/UNESP, na linha de pesquisa Informação e Tecnologia. Vice-Lider do Grupo de Pesquisa ? Novas Tecnologias em Informação (GP-NTI). Desenvolve suas pesquisas nas temáticas: Metadados, Catalogação e Tecnologias, Intersemiose Digital, Redes de Informação, Mapa do Conhecimento Humano. Pesquisadora CNPq, coordenadora do GT8 - Informação e Tecnologia, da Associação Nacional de Pesquisa e Pós-Graduação em Ciência da Informação - Ancib (2013-2016). Editora da revista Informação & Tecnologia (Itec), membro do corpo editorial das revistas Brazilian Journal of Information Science: research trends e Revista Eletrônica Informação e Cognição. Parecerista ad hoc de agências de fomento e de periódicos científicos, participa como revisora e como membro de Comitês Científicos de periódicos científicos em Ciência da Informação no Brasil e no exterior. Membro da Associação Nacional de Pesquisa e Pós-Graduação em Ciência da Informação ? ANCIB e membro da Diretoria da Sociedade Brasileira de Ciência Cognitiva ? SBCC.

Luana Farias Sales

Centro de Informações Nucleares (CNEN) | lsales@ien.gov.br | https://orcid.org/0000-0002-3614-2356 | https://lattes.cnpq.br/9090064478702633

Doutora em Ciência da Informação pelo Programa de Pós-Graduação do IBICT/UFRJ (2011-2014). Mestre em Ciência da Informação pelo convênio UFF/IBICT (2004-2006), Graduação em Biblioteconomia e Documentação pela Universidade Federal Fluminense (2003). Atuou como Analista em C & T da CNEN, no Instituto de Engenharia Nuclear, participando da criação da linha de pesquisa de Gestão do Conhecimento Nuclear. Atuou ainda como docente do curso de graduação em Biblioteconomia da Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro ? UNIRIO e Universidade Federal Fluminense, ministrando disciplinas relacionadas à Organização do Conhecimento. Atualmente é Analista em C & T do MCTIC/IBICT, atuando como docente do Programa de Pós-graduação em Ciência da Informação do convênio IBICT-UFRJ e Coordenadora da Rede de Implementação do GOFAIR Brasil. Tem experiência na área de Ciência da Informação, com ênfase em Organização e Representação do Conhecimento e Recuperação de Informações, atuando principalmente nos seguintes temas: Taxonomias, Ontologias, Vocabulários Controlados, Tesauros, Terminologia e Software de Tesauro. Possui interesse em tópicos ligados à Comunicação Científica, Tecnologia de Informação e Gestão do Conhecimento e desenvolve pesquisas especificamente nas temáticas de e-Science, curadoria digital de dados de pesquisa, biblioteca digital, metadados, repositórios institucionais, repositórios de dados, Sistemas CRIS e objetos digitais

Transcrição do Vídeo

Abertura:

Boa tarde, vamos para nossa última atividade exposições e debates, com a mesa redonda intitulada “A questão da identidade da CI frente aos cenários apresentados do paradigma dos dados”. Para tanto, convidamos para compor essa mesa a professora doutora e professora da Universidade Federal de Pernambuco a professora Sandra Siebra; do Programa de Pós-Graduação em Ciência da Informação da UNESP, professor Ricardo Sant’Ana; também do PPGCI/UNESP professora Plácida Santos; completando a mesa da Comissão Nacional de Energia Nuclear e do IBICT professora Luana Farias Sales.

Sandra:

Boa tarde a todos, eu queria destacar que esse momento de brincadeira é porque emociona a todos e a gente parece criança quando se encontra nos eventos, então é o momento da gente trocar ideias mas também de matar a saudade, então esse momento de descontração faz parte do matar saudade.

Com as instruções que Guilherme me deu, gostaria de fazer alguns comentários e algumas provocações a alguns colegas, ele me pediu para dar a vocês uma breve fala sobre a temática abordada, que é a questão da identidade da Ciência da Informação frente aos novos cenários apresentados pelo paradigma dos dados, e depois a gente entra nessa nossa conversa da mesa redonda. Vou começar com Plácida.

Plácida:

Obrigada por fazer parte dessa mesa, obrigada pela organização por permitir isso, obrigada Sandra por conduzir esse trabalho, e obrigada por vocês estarem aqui logo depois do almoço, porque é difícil a gente conseguir almoçar todo mundo, bater um papo que é uma das partes mais profícuas do momento que são às reuniões dos cafés, do almoço, dos bates papos que a gente consegue ter somente naquele momento. Por vocês estarem aqui gera para nós uma grande responsabilidade, especialmente quando a gente vai falar da identidade de um profissional de uma área do conhecimento no caso da área da Ciência da Informação.

E por falar disso, eu me dou o direito de relatar um pouquinho aqui a experiência que eu tive como formadora na área da Ciência da Informação ao longo dos anos, desde 1983 que eu venho trabalhando na área da Ciência da Informação. Ao longo desse caminho longo eu percebi algumas ações dentro da área especialmente na questão da formação do profissional, e algumas alterações que aconteceram no desencadeamento da formação profissional e algumas situações que geraram alguns desconforto, e depois uma estabilização profissional. Uma delas é provocada pela característica da área por ser interdisciplinar e multidisciplinar, isso significa que nós nos relacionamos, nós convivemos e procuramos trabalhar com diversos profissionais, ou trabalhar para esses profissionais ou trabalhar com esses profissionais.

Na minha história de atuação na Biblioteconomia e na Ciência da Informação eu percebi dois momentos marcantes. Um deles aconteceu nos anos 1980, no início da minha vida profissional como formadora. Havia nesse momento a inserção muito grande de profissionais de outras áreas que não da Biblioteconomia, Arquivologia e Museologia, mas havia uma inserção muito grande de profissionais da Letras, Linguística, História, e das Artes. Esse momento dos anos 1980 aqui no Brasil houve um desconforto profissional, em que o profissional da área se sentia acuado ou desconfortável achando que tudo que estavam fazendo não era bom, porque a concentração de outras área gerava esse desconforto.

Houve nesse momento uma crise de identidade que alguns aqui devem lembrar do animador cultural, não sei se vocês vivenciaram isso mas nós tivemos na área a figura de animador cultural. Eu tive muitos alunos que terminavam o curso e faziam concurso para bibliotecário das bibliotecas públicas do interior do estado de São Paulo, e eles se incubia mais com às questões que não fazia parte da instituição biblioteca mas com às questões culturais da cidade, no interior do estado de São Paulo às festas de rodeios. E uma das vezes eu peguei ex alunos super ansiosos porque naquele momento eles estavam fazendo doce caseiro, organização de feira, e eu falava e o trabalho na biblioteca, e eles diziam que o trabalho hoje em dia era a animação cultural. E aí todo mundo que procura um bibliotecário que algumas coisas muito claras, ele quer saber onde está a informação, como é armazenada e como é que eu recupero, e não é na festa de peão de boiadeiro que você vai aprender fazendo doce caseiro, então espera aí, vamos voltar porque havia uma confusão e desestabilização no que estava organizada.

Foi em uma época que os bibliotecários deixaram para um segundo momento todas as atividades técnicas, o sujeito que estava envolvido com atividade técnica era um sujeito menor. Então a catalogação, indexação, e outras atividades técnicas passou para segundo plano e ninguém queria fazer isso.

Depois de uma década, final da década de 90 e começo dos anos 2000, as tecnologias começam a entrar fortemente na biblioteconomia, no sistema de gerenciamento de bibliotecas, e na Ciência da Informação no setor de tecnologia. E no final dos anos 80 eu tive a oportunidade de receber como parceira no departamento a professora Silvana Vidotti e nós construímos um grupo de informação e tecnologia, e foi uma grande discussão trazer as questões tecnológicas para o interior da Ciência da Informação.

Trazer às questões tecnológicas para interior da Ciência da Informação sem perder a consciência da Ciência da Informação, e perceber que a análise de software em gerenciamento de biblioteca passava pela função primária da biblioteconomia que eram aqueles procedimentos que tinha sido deixado de lado como menor, a catalogação, a classificação, indexação, estruturas que permitiam o processamento por máquina, estruturas que vinham apesar não terem sido desenvolvidas para computadores já traziam lá na construção dos códigos de catalogação elementos que eram algoritmos: se tiver mais de 3 autores faça assim, se tiver tradutor utilize tal coisa, se às informações forem para bibliotecas infantis, públicas ou especializadas defina um nível de catalogação.

Veja que essa estrutura é a estrutura do código de catalogação, ele não foi feito para ser utilizado na linguagem de máquina mas ele já tem uma estrutura de máquina. Às áreas primárias ou core da biblioteconomia foi chamada novamente e nós tivemos aí a partir do núcleo a percepção da renovação dessas estruturas técnicas para melhorar recuperação, disponibilidade e acesso, isso aconteceu no final de 80 e começo de 90 até o século XXI.

No século XXI e especialmente agora nós temos outra perturbação na área, nós temos as tecnologias como elementos perturbadores do que estava tudo arrumado. E temos novamente o ingresso de outros profissionais na área da Ciência da Informação, o que é muito bom e salutar, assim como foi bom e salutar o ingresso dos historiadores, museólogos, linguistas.

Hoje nós assistimos o ingresso do pessoal da Ciência da Computação, o que é muito bom, mas nós temos uma identidade na área que precisa ser preservada, porque senão vamos nos transformar em algo que não é nem Ciência da Informação nem a Ciência da Computação, nem uma coisa nem outra, existe um ponto onde chegar com a Ciência da Informação que não é a Ciência da Computação, e existe um ponto que a Ciência da Computação pode entrar que não é a Ciência da Informação. Mas cada uma delas defendendo suas características específicas, defendendo os conhecimentos da essência da área.

Então a nossa preocupação é sim o usuário, é saber quais são às necessidades do usuário muito mais do que entrar na seara da Ciência da Computação, nós somos usuários críticos das tecnologias mas no sentido de atender às nossas necessidades dos usuários. E agora quando a gente tá falando de dados, de uma Ciência de Dados, de uma gestão de dados, aí que nós precisamos mais e mais identificar qual é a identidade da Ciência da Informação para que ela trabalhe junto com outros profissionais.

A Luana fez um trabalho brilhante hoje de manhã, demonstrando dentro da Ciência da Informação onde é que nós podemos transitar com uma atividade nova de gestão e gerenciamento de dados sem perder a identidade da área, ela utilizou os GTs da ANCIB, que é uma associação que precisa rever também algumas coisas, porque ao longo do texto não se fala em dados. Nós estamos propondo essa inserção dos dados, é claro que como eu apresentei na questão das produções não ter havido nenhuma atualização desde 2008 na nossa família de ocupações, na ANCIB também não houve muita modificação.

Como é que deve ser feita? é em plenário a alteração das ementas? mas nós precisamos encaminhar essa demanda. Precisamos ter claro isso, porque nós vamos ter cada vez mais equipes multidisciplinares e não é porque nós fazemos errado o que fazia mas é que hoje pode ser feito diferente com mais gente, nós precisamos das colaborações que recebemos lá em 1980 dos historiadores e dos artistas, e nós precisamos trabalhar em conjunto com Ciência da Computação hoje, mas em um trabalho multidisciplinar e interdisciplinar, para que a essência da área fique claro para todos os envolvidos.

Então a minha participação na constituição do profissional da Ciência da Informação percebeu isso ao longo de minha jornada e era isso que eu queria compartilhar com vocês.

Sandra:

Obrigado Plácida. Antes de passar para a Luana eu queria destacar coisas partes da fala da Plácida que me tocaram muito. Minha origem toda e Ciência da Computação e o que é engraçado nessa multi e interdisciplinaridade é que trabalhamos com coisas parecidas, ferramentas parecidas chamando por nomes diferentes. Então eu confesso que quando eu decidi entrar para área da Ciência da Informação eu levei uma surra, tive que estudar muito para poder me adaptar à nomenclatura.

Até para as duas áreas dialogarem existia uma dificuldade por causa das questões de nomenclatura e como fazer esse diálogo entre as áreas para fazer às colaborações acontecer. Então eu acho importante essa multi e interdisciplinaridade vivida na prática, para a gente ter como fazer essa colaboração efetivamente. As outras áreas como Linguística também estão trabalhando com a gente e várias outras, vejo também diversos estudos voltando como a semiótica que voltando com uma força maior atualmente.

Então a gente entrar nesse espírito e identidade da Ciência da Informação é considerar muito essa vocação multi interdisciplinar e a gente poder realmente desenvolver trabalho para isso. Nós temos ferramentas para isso, temos profissionais para isso mas muitas vezes há uma série de dificuldades causadas ou por problema de comunicação entre equipes, ou por vaidades que não combinar, e a gente precisa vencer essa barreira. Eu vou passar para a Luana agora.

Luana:

Agradeço também mais uma vez o convite, é uma responsabilidade grande estar aqui compondo essa mesa com grandes nomes da área, professora Plácida, professor Ricardo, enfim fico muito feliz em estar com vocês.

Então a gente fala um pouco sobre identidade do profissional e em relação aos dados de pesquisa o Guilherme falou mais cedo e o engraçado que eu tinha tentado uma outra apresentação porque eu achei que isso daqui seria uma segunda palestra, eu começaria exatamente apresentando aquela situação do The Economist que fala os dados como um novo petróleo. Então a gente vê o mundo da ciência mas a gente traz nesse contexto da ciência os dados de pesquisa configurando uma nova forma de fazer ciência. Isso é claro com um impacto forte na nossa forma de gerenciar dados, gerenciar informação, que foi o que eu tentei trazer para vocês hoje de manhã que e apesar desses dados apareça estar se reconfigurando, a gente vê uma necessidade ainda maior de uma base sólida da biblioteconomia e da Ciência da Informação que a Plácida falou disso um pouco agora. A gente vê a necessidade dos teóricos consistentes e a Ciência da Informação tem isso para nos oferecer. Eu espero um pouco também a fala do professor Sayão no primeiro dia quando ele fala daquilo que a gente vê o fim do triângulo amoroso a gente fala do pesquisador, informação e bibliotecário.

O bibliotecario na verdade é um mediador que vai fazer aquele papel de intermediar o usuário e a informação, e quando a gente chega à web e que essas informações vão para web o que acontece? o bibliotecario tente a ficar um pouco de fora desse cenário, porque a pessoas se preocupam com pesquisa e recuperar e esquecem que a informação a ser recuperada tem uma pessoa por traz dela fazendo isso.

Isso coloca em voga mais uma vez a necessidade de retomar a nossa base teórica porque se por um lado a gente pensa que o bibliotecario não está aí, que o usuário não está vendo o bibliotecario mas o bibliotecario está ali sim. Eu vou até o sistema da biblioteca e eu não consigo encontrar a informação que eu estou procurando é completamente diferente de como a gente fazia anteriormente, que ia lá com o bibliotecário e fala que não achei você pode me ajudar. Hoje o usuário vai até a biblioteca e não recupera ele não volta mesmo, ele vai fazer outras buscas e outros caminhos.

Em relação aos dados de pesquisa eu venho defendendo uma atuação do bibliotecário que eu venho comparando um pouco o que a gente faz com os médicos da família e eu venho defendendo o bibliotecario do ponto de vista da pesquisa. Eu sei que quando eu falo isso o pessoal fala como você vai fazer isso porque eu já vi tanto serviço na minha biblioteca, mas eu acho também que isso abre uma série de possibilidades para o profissional da informação.

O bibliotecário vai fazer exatamente isso que a gente conversou na manhã, ele vai gerenciar os fluxos dos dados de pesquisa, porque o pesquisador precisa desse auxílio, precisa porque ele está enrolado com as pesquisas dele e o bibliotecario pode oferecer esse tipo de serviço. E o bibliotecario por outro lado não pode trabalhar sozinho porque ele não tem conhecimento daquelas técnicas e daquelas tecnologias porque o pesquisador não tem conhecimento específico, mas conhecimento das técnicas e teorias que vem da Ciência da Informação podem auxiliar o bibliotecario e o pesquisador.

Quanto eu estou falando isso eu estou falando dos metadados, das cópias tradicionais de descrição de documentos que hoje se aplica também aos dados de pesquisa, aos vocabulários controlados e ontologias, e que precisam ser construídas para possibilitar a comunicação, de como esses dados vão ser recuperados, como o conhecimento pode ser retirado desses dados, enfim, o que eu acho que é importante a gente deixar claro é a necessidade da gente voltar a focar nos estudos teóricos, como o Buckland que é um pouco antigo e acaba ficando um pouco esquecido, e os nossos teóricos da organização do conhecimento, quando eu digo que os dados precisam ser reusados.

A gente sai da perspectiva do documento como a minha primeira orientadora costumava dizer para mim, e vai para a perspectiva do uso, da informação em si. A ideia é essa, é trazer e recuperar essas teorias antigas e aplicá-las ao contexto da gestão dos dados de pesquisa.

Sandra:

Obrigado Luana, eu passo agora para o Ricardo, vou deixar para fazer os comentários depois.

Ricardo:

Boa tarde a todos, quero agradecer também a organização do evento, parabenizar pela possibilidade de refletirmos sobre esse tema, é uma honra fazer parte dessa mesa, eu quero continuar um pouco aquela fala que eu fiz na abertura e trazer de volta essa questão da identidade. Para isso eu gostaria de falar um pouco sobre como eu cheguei na Ciência da Informação, eu venho da área de Computação e Matemática mas eu tive empresa de consultoria então atuei na área durante a década de 80 e 90.

Quando eu tive contato com a Ciência da Informação eu percebi o potencial que havia nos conhecimentos que se discutia, na forma com que se encaravam os problemas, e mesmo sendo na época de escovador de bits, meu grande prazer era passar noites de como compactar dados para caber em um disquete. Eu me lembro que no final da década de 80 nós fizemos uma solução que consegue encapsular em poucos disquetes toda a legislação da previdência emulando, porque na época não tinha esse recurso de hipertexto, mas a gente emular essa questão do acesso por palavras-chave e ia navegando pelo teclado com um highlight na telinha a gente conseguia navegar.

Mesmo com esse perfil tecnológico, quando eu tive contato com a Ciência da Informação foi amor à primeira vista, porque eu percebi que havia algo de muito valioso na forma com que se encaravam os problemas, na maneira como se tratavam às questões, diferente da computação. Não que uma fosse mais valiosa que a outra, mas eu percebi algo com potencial muito alto de contribuição para a Administração e para às soluções práticas que a gente desenvolvia.

Foi uma surpresa para mim porque mesmo atuando a muitos anos na área eu não tinha ouvido falar da Ciência da Informação, nem lido nada sobre Ciência da Informação. Isso me chamou muito atenção, por que é que isso não chega até as outras áreas?

E refletindo sobre isso já na época eu comecei a perceber que o que realmente tinha de diferente era uma perspectiva diferente de olhar o problema, uma perspectiva que se aproximava mais do usuário, que se aproximava mais do impacto social daquilo, uma perspectiva que buscava construir pontes entre o conteúdo e uma necessidade do usuário, autonomia do usuário e uma série de questões que na Ciência da Computação também são tratadas mas a partir de um ponto de vista mais tecnológico, principalmente quando a gente está na aplicação, na realização, na implementação, a gente vê nestas questões aspectos muito mais voltados ao usuário quase como um obstáculo. Então tinha umas brincadeiras que se faziam na época, e até hoje a gente ainda escuta uma certa arrogância, um certo sentimento de superioridade por controlar a situação.

Então existe essa noção muito forte quando a gente está desenvolvendo a aplicação de que nós controlamos o processo, de que nós temos a solução, e isso pode ser muito ruim na interação entre conteúdo e usuário, porqe eu passo a ver com menos importância às características de quem realmente precisa. Você não estava pronto para a minha solução? ela é maravilhosa e fantástica [ironia].

Então sem perder o valor de uma ou da outra, a Ciência da Informação é diferenciada ao tratar das mesmas questões, por isso a dificuldade de compreender esse degradê ou essa linha que divide e é muito tênue entre uma área e outra, como nesse caso como a gente está discutindo agora, como a professora Plácida apresentou, como a professora Luana discutiu.

E isso me levou a derivar ou aprofundar muito mais na área da Ciência da Informação do que na Computação, mesmo na minha livre-docência quando eu trabalhei Sistemas de Informação o meu olhar já era um olhar muito mais da Ciência da Informação do que da própria Computação.

Eu trabalho com outras questões sempre tentando levar o olhar da Ciência da Informação como contribuição para outros olhares, porque isso faz com que a gente possibilite a construção colaborativa que a gente tava conversando hoje de manhã.

Outra questão que sempre me preocupou foi que eu ouvia já no inicia dessa minha trajetória na Ciência da Informação algumas referências, que eu não vou citar porque senão eu posso ser injusto com outras, mas que colocaram uma questão de se realmente a Ciência da Informação era uma ciência? Isso até me angustiava, porque ao inter relacionar com outras áreas você pode ficar subutilizado se você não tiver isso muito fortemente consolidado.

Se você não tiver a noção clara de quem você é, do porque você é diferente do outro e no que você pode contribuir, mesmo em questões similares mas apresentando uma visão distinta que apresente novidades e possa contribuir com o desenvolvimento de uma solução, o entendimento de uma situação na relação entre o acesso à informação e o usuário, necessidade e conteúdo, essa questão da assimetria entre aqueles que acessam a informação, você pode perder a capacidade de colaborar e participar do grupo. Se você não sabe realmente quem você é, você acaba contribuindo pouco ou tendo que aderir ao discurso do outro, e aí você passa a não contribuir mais com esse processo do conjunto, mas para fazer ciência a gente precisa lembrar que precisa além de ter muito claro qual é o seu papel, qual é o seu lugar, você precisa atender alguns fatores como por exemplo o próprio vocabulário.

Então muitas vezes você percebe uma defesa muito forte do seu vocabulário e isso é natural e pode ser ressaltado, desde que você não esteja bloqueando inserções ou aportes de outras áreas, como uma simples questão de manutenção daquilo que você considera como um vocabulário final, mas você precisa ter esse vocabulário comum senão você não consegue dialogar dentro da área.

Esse diálogo é fundamental e eu já estou começando a tratar na questão interna da Ciência da Informação, então você precisa ter um vocabulário para que você possa estabelecer um diálogo, esse diálogo vai permitir então que você possa validar dentro da área aquilo que você propõe, porque senão vai ficar uma situação muito estranha. Uma banca, um parecerista, ou alguém pode estar validando um conteúdo sem ter uma noção clara de que aquilo realmente, sem ter conhecimento prévio sem ter experiência para ter uma forma de validar aqui de forma concreta e clara, para que isso vá para outras áreas e não sofra com pequenos conjuntos. Uma queda de um elemento ali que não válida e que acabou escapando por validação interna.

Tudo isso vai permitir a reprodutibilidade, tudo isso vai permitir inclusive o próprio ensino, que a gente tinha colocado hoje de manhã que é a questão de pensarmos e repensarmos, como a professora Plácida muito bem colocou a questão do repensar a área. Temos repensar os currículos, às competências, o escopo de até aonde a gente pode ir sem prejudicar o perfil do egresso, sem prejudicar essas outras questões de vocabulário, de validação. Porque isso internamente vai poder propiciar a questão, por exemplo, de ampliar a nossa participação, percebe-se muito pouca participação dos profissionais da Ciência da Informação em grupos que trabalham a Ciência dos Dados. No centro de desenvolvimento da USP eles recorrem a Poli, às Engenharias. Qual é o grau de participação da Ciência da Informação lá dentro, de quem é a culpa?

Eles não vão sair procurando por nós, se a gente fica sentado aguardando, porque eles nem sabem que nós existimos, provavelmente eles vão passar pelo mesmo processo de vislumbramento que eu passei lá atrás ao ver nosso potencial de contribuição. Mas nós precisamos nos apresentar, e para nos apresentarmos temos que ter muito claro o que significa ser um profissional da Ciência da Informação, o que significa ter essa perspectiva diferente.

Por que em uma parceria eu serei útil? Qual será o ROI do investimento, o retorno sobre o investimento da minha participação naquele grupo? O que se espera da participação de um pesquisador da Ciência da Informação nesse grupo vai contribuir e eu só vou perceber isso se o próprio pesquisador e a própria área tiver isso muito claro.

E tudo isso de novo cai em outra questão que é a questão da divulgação. Eu sinto muito falta por isso que eu estou pondo vários pontos, eu sinto muita falta de divulgação da área para a sociedade em geral, apesar de ser a Ciência da Informação nós divulgamos muito bem dentro da área, fora da área nós somos poucos visíveis, quase invisível como a professora Plácida colocou no slide. A visibilidade nossa é pequena e parece pouco valorizada pela ação daqueles que trabalham na publicação científica.

Eu desafio aqui os presentes a pensarem cinco nomes de divulgadores de ciência que são da área de Ciência da Informação. Poderia até citar um que se diz da Ciência da Informação mas a gente pode pensar se realmente é da área. Será que nós estamos divulgando externamente? Para divulgar externamente precisamos saber quem somos.

Um evento como esse, por exemplo, poderia estar sendo coberto por uma Rede Globo, entrevistando os participantes estrangeiros que poderiam estar dando entrevista. Como nós gostaríamos de nos apresentar a eles e dizer, olha nós estamos aqui e somos da Ciência da Informação. A primeira coisa que eles iriam perguntar: quem é você? Qual a área que vocês atuam?

Nós tivemos uma experiência parecida com essa questão que eu acho que é muito emblemática e que a gente percebeu o que isso significa, quando nós trouxemos o evento graças a uma grande contribuição da professora Ana Alice, nós conseguimos trazer um evento desse porte para o Brasil em 2014 e convidamos uma pessoa da Reitoria para falar no evento, foi uma grande surpresa porque nós temos o programa de pós-graduação de lá nota 6 com grande renome na área, e a primeira fala dele foi “olha eu estou surpreso porque a Ciência da Informação eu muito já ouvi falar, deve ser muito interessante e contribuir com a área. De que é a culpa, é dele? ou é nossa? O que é que nós estamos fazendo para divulgar as nossas contribuições? Como é que nós estamos deixando melhor a ponto de permitir que isso seja divulgada para meios de comunicação de massa para fora da área.

Quantas vezes nós publicamos fora da área para trazer visibilidade para aquilo que nós contribuímos? Quando é que nós participamos de eventos por exemplo na área de Ciência da Computação para propor caminhos, e não para analisar o que já foi feito. Nós temos potencial para isso e temos que começar a pensar agora na ponteira, temos que começar a pensar nas indicações de caminhos a seguir indicando para onde e não mais ficar analisando o que já foi feito, mas construindo melhores meios para utilizar o que já foi construído.

É um potencial muito grande que temos e que está sendo sub-utilizado de forma muito visível, pelo menos na minha percepção de quem chegou de fora. Isso tudo vai permitir que nós tenhamos reconhecimento, esse reconhecimento pode legitimar às nossas publicações, então às nossas publicações poderiam ser mais citadas na área da Ciência da Computação, e como nós somos muito pouco citados a Ciência da Computação por desconhecimento deles.

Se não tivesse esse duplo caminho, essa troca, nós seremos avaliadores ou estaremos testando aplicações, seremos eternos testadores de aplicações para a Ciência da Computação.

Então tudo isso vai permitir inclusive que a gente consiga uma visibilidade para nossas áreas de formação, eu acredito que os nossos cursos a maioria tem uma baixa procura em função do potencial que ele tem paro mercado, porque os alunos também não tem essa noção de como contribuir com as outras áreas. Então a gente vai ter uma formação mais valorizada, a gente pode se adequar a forma mais profunda às necessidades de outras áreas, porque agora não dá mais para pensar em atuar somente naquilo que eu gosto mas como a professora Plácida colocou, de forma interdisciplinar. Claro que existe uma grande barreira que é a questão da zona de conforto.

Nós temos a zona de conforto da Ciência da Informação, então é tentando manter a situação que estamos, a segurança daquilo que eu venho fazendo desde sempre, e tem a zona de conforto de quem chega de fora, porque a primeira reação que eu tive quando cheguei na área era tentar fazer às coisas do mesmo jeito que eu fazia antes, sem me dar conta de que se fosse para fazer do mesmo jeito que eu fazia antes, seria melhor eu ter ficado na Ciência da Computação, porque eu iria ter diálogo, validação, replicação, de forma mais sólida do que na Ciência da Informação. Então eu comecei a perceber que eu tinha que buscar conteúdos e referenciais que me permitissem subir nesse ponto de perspectiva e me desse um olhar diferente.

São questões muito amplas e abertas mas que são, infelizmente nós não temos muito tempo para ficar tentando encontrar soluções para isso. Não é algo novo mas se agravou com as novas tecnologias.

A questão dos dados, na minha percepção, sempre existiu e sempre foi uma questão da ciência, o que nós temos agora é uma questão do volume, mas mais do que isso, assim como o professor colocou de manhã a questão da cauda longa, o que está acontecendo agora é que os dados estão sendo vendidos mas não é para o próprio pesquisador, estão sendo vendidos por escrutínio. Nós não teremos no futuro breve possibilidades que haviam antes séculos atrás, porque agora os dados não estão mais disponíveis nem mesmo nos registros em papel. Então vamos perder definitivamente dados, dados que nunca mais serão recuperados.

São muitos os exemplos de coisas que são recuperadas a posteriori e que a partir desse resgate pode gerar novos conhecimentos. Nós não teremos novidades construídas a partir de pesquisas como o Mendel que fez lá observações dele no mosteiro porque isso não vai estar em um livro envelhecido numa prateleira, vai estar lá perdido num registro digital na máquina de alguém.

Então são questões muito prementes, nós precisamos atuar, dados do ministério público devem estar presentes em todos os GTs da ANCIB, e nós precisamos identificar claramente que somos para poder conversar com os outros e poder colaborar de forma simétrica. Eu acho que esse é o ponto de partida que eu queria colocar para nossas discussões.

Sandra:

Eu queria destacar alguns pontos a partir dessas palestras aqui. O Sayao trouxe a cauda longa onde você tem muitas pequenas pesquisas produzindo quantidade enorme de dados, você tem muitos pesquisadores fazendo pequenas pesquisas. E ele nos mostra nos levantamentos que ele fez que boa parte desses pesquisadores geram esses dados com amadorismo. Está no pendrive, está no HD externo, está na planilha, no Word, não está autorizado, nunca pensei nisso, são respostas que nos assustam um pouco porque tem a questão do financiamento e do dinheiro que está sendo investido nessas pesquisas, e tem até a questão que Ricardo colocou muito bem aqui de que há dados que você levanta que são muito difíceis de ser replicado, você tem aquele evento de novo e conseguir coletar exatamente aquilo que por algum motivo de não ter sido feito a gestão adequada foi perdido porque não existiu uma curadoria. Ou você tem um dado que quando recuperado você não consegue recusar, não consegue interpretar porque ele não está documentado, não tem informações como por exemplo, você tem uma planilha cheia de números e assim, foi o que, em que momento, coletou como, instrumentos, de que maneira, como eu posso continuar a utilizar a partir dali se eu não tenho aquela informação.

Então esse amadorismo na questão dos dados pode trazer cada vez problemas mais sérios que talvez começaram a ser sentidos agora com a pontinha do iceberg de perdas e de tudo que ainda pode acontecer. Aí Plácida nos traz o papel do profissional da informação nesse contexto, que você tem um problema que é uma oportunidade, você tem um momento em que nós temos que a Ciência da Informação pode com o que ela já fazia, se aprimorar, se reinventar para dar acesso a causa.

A gente tem uma atuação que leva isso em consideração, da nossa associação, onde ela pode rever como essa questão dos dados vem sendo tratada nos GTs, que Luana trouxe muito bem, e identificar quais competências que a gente tem que se adequa, a gente faz uma coisa muitas vezes começam como arquivistas e bibliotecários, eles colocam elementos que eles se adequam perfeitamente na gestão dos dados mas que eles mesmo não conseguem enxergar que aquilo se adequa àquele contexto.

Por exemplo, você fazer a descrição, você preencher os metadados, uma atividade falada mas que dentro do contexto da gestão dos dados é um elemento extremamente importante que já é feito e estudado na profissão, mas de repente você tem que ter um padrão novo, uma forma nova, ir além e se aprimorar para aquele novo contexto.

Luana reforça também que o profissional da informação tem um perfil e um conhecimento que se adequam mas que tem que ganhar um novo bibliotecário de dados, arquivista de dados. Ele poder ser um elemento que vai ajudar o pesquisador, ser um mediador.

O Ricardo traz outra coisa muito importante também que é essa falta de visibilidade da área que a gente vê, a gente utiliza às outras áreas em nossos estudos mas a gente não torna nossa área tão visível em alguns dos estudos que são realizados para mostrar o quanto a gente pode colaborar também com outras área.

Faltam cursos para capacitar os profissionais que já estão a um tempo, ajustar currículos, desenvolver novas competências, e os que estão aí nas universidades, e os que já saíram e estão no mercado a um tempo, o que é que a gente tem para oferecer para eles agora para eles se prepararam para esse novo contexto que eles acabam tendo que atuar.

Como fazer sair dessa zona de conforto nesse desafio que a gente pode colaborar, o que é que nós enquanto pesquisadores da área que publicamos e trabalhamos com curadoria de dados, gestão de dados, o que é que a gente tem feito para melhorar esse contexto e ajudar nas competências desses profissionais e melhorar nossas próprias práticas para atender esse novo cenário.

Guilherme apresentou os resultados da pesquisa dele e Ricardo perguntou, você teve um plano de gestão de dados nesta pesquisa? Não. Então ele apresentou uma falta que tem nos profissionais que ele que estava pesquisando estava fazendo também. Então o que é que nós estamos fazendo em nosso cotidiano, e a gente é casa de ferreiro espeto de pal.

A gente apontar caminhos e não ser exemplo do que a gente pode fazer, de como a gente pode trabalhar nesse novo contexto, esse novo desafio e identidade da Ciência da Informação. Também destaque nos projetos de gestão de dados, muitas vezes você tem dentro de nossa área Ciência da Informação, então a gente coloca entre áreas ilhas de dados, você tem dados que estão sendo geridos de maneira que não conversa com nenhum outro. Eu coloco a palestra de Ana Alice porque ela falou que falta interoperabilidade e falta a possibilidade de fazer um reuso desses dados, porque eles estão pobremente documentados, porque às ferramentas não se comunicam ou porque você tem seus dados bem organizados e documentados mas não compartilhou, não deu acessibilidade para ninguém, que é uma das respostas que eu achei engraçado na pesquisa que Guilherme apresentou que disse tenho tudo organizado em meu HD, guardei em diretórios tudo documentado durante anos, como ninguém procurou eu deixei para lá. Como alguém iria procurar se não sabia se existia.

Então como questionamento sim, não basta só gerir seus próprios dados, mas para eles se tornarem efetivamente úteis eles tem que ser disponibilizados. Aí eu trago outro ponto aqui, não adianta a gente conversar de fazer uma proposta se a gente não ajudar na capacitação dos profissionais, mas a gente tem que também como pesquisador assumir a responsabilidade de tentar só mudar às políticas ao menos nas instituições que a gente participa. No seguinte sentido, a gente pode preparar os profissionais, mas se cada um começar a trabalhar de uma maneira diferente a gente continua com esse cenário de falta de interoperabilidade.

Então se cada um tem seu próprio repositório, não tem a questão da visibilidade dos dados que foram produzidos pela instituição. Temos que pensar nas questões de políticas, de como a gente pode influenciar nisso daí, e não de pensar na implementação da gestão do dado no momento atual, mas no ciclo de curadoria como um todo. Onde você vai pensar desde o momento em que o dado foi criado, passando pelo momento com que você faz a descrição desse dado, armazena, faz a preservação, tem um contexto maior que precisa ser considerado para realmente facilita o reuso, a manutenção, o compartilhamento, o dar acesso.

Há várias questões que temos que considerar nesse contexto de gestão de dados, nesse novo cenário para qual os dados se apresentam. Uma coisa que eu penso muito, o que é dentro de tudo que conversamos aqui, que a gente pode fazer nesse momento, que ações práticas e efetivamente como a gente pode colaborar nesse momento para mudar esse cenário e contribuir efetivamente com a área. A gente tem que publicar, mas além de publicar o que mais a gente pode fazer?

Então eu deixo esse questionamento para a gente refletir, fazer do meu cotidiano enquanto pesquisador, seja professor, seja aluno de graduação, mestrado ou doutorado, como eles podem efetivamente contribuir com isso se ele fazer e começar a ser o exemplo, começar a praticar essa gestão de dados. Não estou dizendo que é fácil, mas é o que se põe para nós nesse momento. Como a gente pode colaborar com esse cenário?

Plácida:

Não há resposta. Eu penso que o que nós podemos fazer como parte nessa questão, porque nós temos poucas oportunidades de reunião de pessoas que estão com essa preocupação, então é nessa oportunidade que daqui cada um de nós vai ser um divulgador de alguma possibilidade, um replicador de alguma possibilidade, eu creio que cada um de nós pensou em alguma coisa para fazer em seu ambiente, o que eu vou fazer com meus orientandos com relação a isso. Quem dá aula na graduação como vai ficar essa questão, mesmo que não fazendo parte oficialmente do currículo, como é que isso vai acontecer?

Na disciplina optativa que nós temos para oferecer na graduação, será que gestor de dados não é uma indicação de disciplina optativa? Então eu penso que aquilo que nós estamos comentando, a oportunidade de algumas ações que poderíamos levar no nosso ambiente de trabalho e cotidiano.

Luana:

Eu também acho que há um lugar certo, quando eu penso nos bibliotecários que são pós-graduandos, isso aconteceu comigo eu era bibliotecária, trabalhava em uma biblioteca de pesquisa, e todos os bibliotecários que estavam lá também.

Eu acho que um diferencial que eu tinha era que eu passei a conhecer às formas de pesquisa, então eu conseguia conversar com o pesquisador na linguagem dele, e acho que vocês que estão aqui hoje na Ciência da Informação possuem essa possibilidade, atuar na biblioteca com essa conhecimento do que é a pesquisa de verdade, e propondo novas soluções.

Acho importante registrar a importância desses eventos, porque mesmo em nossa área de Ciência da Informação ainda existem pesquisadores que não se convenceram da importância do compartilhamento dos dados porque tem suas questões, estão preocupados com questão de citação, de como isso vai ser feito. Então os eventos são os locais onde temos a oportunidade de criar esses diálogos.

Quando eu comecei na área nuclear eu via muito isso da Ciência da Informação, a gente via acesso aberto, acompanhamos todo esse movimento dos periódicos, agora uma área que tradicionalmente tem a questão do sigilo trabalhando em alguns domínios como a Engenharia Química que tem a gestão das patentes, uma área que no Brasil surgiu em uma época que o militarismo estava no poder, então tinham aquelas questões do que não podia ser divulgado, mas enfim.

Os pesquisadores ainda tinham problemas muito mais complexos que a Ciência da Informação, e o caminho que eu escolhi seguir foi esse, fazer eventos e levar pessoas da Ciência da Informação junto às pessoas que trabalhavam com dados, era um cafézinho às vezes no almoço e eu tinha essa vantagem com o Sayão, porque a gente trabalhava assim no local que era no meio do nada e os pesquisadores eram obrigados a sentar no meio da mesa do bibliotecário e eram obrigados a ouvir o bibliotecários a dizer “olha eu preciso do seus dados, eles vão ser insumos para outros pesquisadores”, ou até para sua própria pesquisa.

Porque às vezes você pensa em compartilhar os dados, se é ciência aberta vou ter que dar meus dados para todo mundo, mas não existem os níveis de abertura e você pode convencer o cara dentro disso, de repente dentro de uma palestra é mais complexo, levando nas trocas você fala “e se você precisar dos seus dados para pesquisas no futuro”, “mas será que você ainda vai ter ao longo dos anos”, e aí ele começa a questionar e destacar situações em que teve que jogar tudo fora e aí dentro desse discurso você vai conseguindo convencer o cara dessa importância.

Então acho que temos uma oportunidade boa enquanto bibliotecários, temos possibilidade de pós-graduação em Ciência da Informação espalhada pelo Brasil inteiro, alguns anos atrás nós tivemos bem poucas pessoas, era difícil para o pessoal do Nordeste conciliar trabalho com pós-graduação em Ciência da Informação como em outros lugares como o sudeste.

Hoje quando os bibliotecários se especializam, e aprendem o poder da pesquisa científica, como a pesquisa é conduzida, ele volta com esse linguajar mais próximo ao pesquisador, ele volta de uma outra maneira. Essa é uma oportunidade e a questão também dos eventos e da conversa pessoal com nossos pares.

Sandra:

E destacar até Luana o valor dos eventos menores, porque o evento menor que é realizado em sua própria instituição é o que proporciona maior troca e é o que vai plantar aquela semente com a raiz mais forte. Porque se você tem um evento grande, aquele palestra e você não tem tanto tempo para discutir, não tem tanto tempo para colocar suas dúvidas e inseguranças. Aí no evento pequeno você discute e conversa, tem um formato que eu participei de um projeto na área da saúde que fazer uma coisa chamada projeto com café, o que é isso?

Era uma mesa redonda onde se colocavam questões e a toalha da mesa era o papel, e você ia tomando café e trocando ideias, e se anotasse as ideias e às dúvidas na toalha de mesa. Depois tinha que ter alguém que recolhe e organiza esses dados, mas o que era interessante era quando se trocava de ideias naqueles eventos, eu participei de alguns e o que a gente recolheu não tinha evento, congresso ou capacitação que tinha tido o mesmo efeito, porque eles ajudaram a construir uma metodologia que precisava, eles colocaram às dúvidas e inseguranças e quando todo mundo saia com aquele espírito de colaboração e engajamento. Podia estar só na mesa tomando um café pelo menos ele se sentia incluído naquele processo de constituição, e também eu vejo muitas vezes no projeto que falta envolver a comunidade desde o início do projeto.

Porque você chega, vou dar uma ideia, chega com o repositório pronto e fala deposite aí. Você não colaborou, não mostrou sua necessidade, quais os dados você trabalha, você não se enxerga como participante daquele projeto, naturalmente você pensa que não se sente na obrigação de colocar nada lá. Eu não me sinto parte daquela iniciativa, então a gente encontra muitas vezes isso na instituição, não chegou nem no repositório de dados mas no repositório institucional, que foi criado e instalado por um pequeno grupo da própria biblioteca, não envolve muitas áreas, depois de instalado chegaram e falaram que você tem que depositar lá.

Existe uma divulgação e está tendo uma reação a isso, os pesquisadores se perguntam porque eu tenho que colocar lá, então isso começando com às teses e dissertações, imagina quando chegar nos dados que alguns se sentem mais inseguros com os dados que geraram em sua pesquisa, será que vão achar erro nos dados que eu vou publicar? será que tem alguma coisa lá que vão extrair e eu não vi e vão fazer melhor do que eu fiz?

Então existe um lance que pode talvez estar melhorando isso são esses eventos que dão bastante segurança, capacitando também e mostrando esse desafio que vai chegar um momento que você não vai conseguir fugir disso, vão estar se aproximando cada vez mais, já existem órgãos de fomento que cobrar e tem aí CAPES e CNPq que logo vão pedir aos programas de pós-graduação isso aí. Que você tenha os planos de gestão dos dados das pesquisas da instituição e que isso esteja guardado e de novo vai chegar em uma coisa que vai cair aqui e dizer que todo mundo tem que cumprir, faça-se cumprir.

Seria muito melhor se a gente fosse se preparando do cenário que cenário que já se encontra mas que a gente tem uma preparação urgente.

Ricardo:

Queria retomar a questão da emergência com que nós estamos passando. Os contextos mudam muito rápido, e eu concordo com a mesa que esse tipo de evento é o caminho para gente iniciar essas discussões, por isso que eu sempre fui defensor, tentar encontrar caminhos para construir esses eventos. Hoje parte da área já entende e percebe isso mas a gente sabe que grande parte da área tem resistência por esse tipo de evento, a gente sabe o que isso significa estar aqui participando desse evento, a gente sabe os impactos das nossas falas nas próximas vezes que a gente encontrar com o pessoal, a gente sabe o que vai acontecer.

Eu quero deixar bem claro isso que esse esforço do evento de vários estarem aqui participando já é uma questão que eu acho que é um primeiro passo muito importante. Eu volto a questão que foi colocado aqui hoje dessa onda que vem vindo e nós vamos ter que acelerar isso de alguma forma, temos que encontrar algum caminho por isso hoje de manhã a questão da proposta de um curso onde a gente possa estabelecer muito mais do que um curso, um espaço de construção de conhecimento colaborativo onde nós possamos trocar expertise e entender o que cada um desse grupo pode contribuir.

Mas na perspectiva geral de acesso a dados qual é a possibilidade de contribuição de cada um de nós na construção desse novo conceito da participação da Ciência da Informação no acesso a dados, porque a gente precisa, não sei se é porque eu vim do mercado, mas eu acredito muito na questão da demanda, muitas áreas que não tinham nenhuma relação com dados utilizam dados porque houve a demanda. A área de pesquisa genética por que eles conseguem usar dados de uma maneira tão eficiente, existe um modelo que foi desenvolvido, porque existe a percepção de que aquilo é importante.

Então eu identifiquei pelo menos três elementos que a gente precisa trabalhar, e o primeiro deles é essa questão da conscientização. Muitos dos pesquisadores ainda não se deram conta da importância dessa questão da visão dos dados. Eu vou além, há a necessidade de compartilharmos esses dados, de mantermos esses dados disponíveis independente do que nós vamos conseguir tirar deles.

Imagine na área de saúde, a importância que tem se a gente conseguir compartilhar facilmente os dados das pesquisas que estão em desenvolvimento. Então a questão da conscientização é o primeiro pilar que eu penso que vamos ter que trabalhar de forma muito ardilosa e estratégia, desenvolvendo uma conscientização dos pesquisadores de outras áreas e não somente da nossa área, desenvolvendo a questão da necessidade dessa gestão de dados mas também a questão do potencial de gestão de dados que nós temos para oferecer a eles.

Por isso a importância desse diálogo, dessa importância de ter algo que nos una, que nos permita ter esse espaço de diálogo. Se não vamos chegar em nossas respectivas bases e o que vai acontecer, seremos engolidos pelo dia a dia como sempre acontece. Você chega lá tem quinhentas pareceres atrasados, é o aluno que está esperando nota, é o projeto de pesquisa que você tinha que entregar o relatório, é o aluno que entrega a tese nos últimos momentos. Todos passamos pelos mesmos problemas, se não tivermos algo que exija de nós essa participação, não vamos conseguir estruturar essa ação estratégica.

A segunda dimensão que eu penso é a questão da preparação. Uma vez gerada a demanda, nós temos que estar pronto para atender essa demanda e o mercado a gente tem uma preocupação muito grande com isso, voce nao divulga algo que você não vai conseguir entregar, isso vai ficar mais caro do que se você não tivesse vendido.

É doloroso quando chega no pedido e você ter que dizer não tenho mais isso no estoque, então qual vai ser o nosso estoque de competências, porque nós temos que estar preparados. Nós vamos começar a gerar esse estoque de competências para quando essa demanda vier, a gente tem que começar a preparar isso e colocar lá na estantezinha nossa ao passar os mesmo, na Ciência da Computação eu tenho isso, na Ciência da Informação eu também tenho esse elemento que eu posso colocar junto aqui com meu grupo para desenvolver uma solução.

E uma terceira é justamente o que vocês já colocaram, essa questão que retorna o discurso da identidade, do discurso, do compartilhamento, essa necessidade de encontrarmos um modelo, não impositivo, nada que seja top down, mas pelo menos uma base mínima de conceitos e caminhos que permitam que essa competência se aplique de forma pelo menos estratégia e arquitetada de tal forma que ela possa realmente convergir para um reuso e resultados que realmente levem a convergência entre áreas. A gente tá percebendo um pouco que por sermos de uma área que trabalha a informação, nós temos a capacidade de fazer com que áreas distintas que tratam dados de forma distinta como o professor Sayão falou dos repositórios distintos, que nós temos um repositório para cada área, mas temos a possibilidade de propor modelos e soluções para que isso possa compor um cenário que exista a possibilidade inclusive de compartilhamento desses dados entre áreas distintas.

Nós vamos estar olhando de fora, vamos estar sem a contaminação da densidade imediata da área, isso era muito comum quando fazíamos integração de sistemas. Você dentro de uma própria empresa dissonância semântica entre próprios departamentos, o mesmo conceito era visto em departamentos distintos de forma completamente diferente.

Com um olhar de fora você conseguia fazer essa composição e fazer com que eles conversassem mesmo sem um esforço, sem que eles percebessem que estavam criando o encapsulamento dessas soluções e eles nessa camada de abstração mais superior estavam interagindo com essas soluções e trocando semanticamente e interagindo.

Então eu fico muito preocupado porque eu acho que a gente precisa encontrar soluções mais ideais, e se a gente perder um pouquinho esse diálogo e essa comunicação que está acontecendo, nós vamos tentar em um momento que não vai ser mais possível. Eu vejo um grande potencial, uma grande necessidade, uma grande oportunidade com os eventos, os eventos é um primeiro passo, precisamos tentar articular outra coisa que possa ser um start, a gente precisa desse start que vai ser como o professor Guilherme colocou hoje cedo o spin off do spin off, precisamos pensar em alguma coisa.

Plácida:

Em relação ao que o professor Ricardo apontou, eu tenho uma visão dos próximos passos. Em 1990 nos instalamos na UNESP o primeiro grupo de informação e tecnologia, que foi o nosso Grupo de Pesquisa Novas Tecnologias de Informação, instalado na área da Ciência da Informação junto ao CNPq. Isso causou muita estranheza e nós sempre éramos vistos como a ovelha negra da área da Ciência da Informação porque para tratar de tecnologia na Ciência da Informação. Durante os anos de 98, 99 e 2000, nós tivemos a luta na CAPES para a aprovação do programa de pós-graduação em Ciência da Informação da UNESP.

Quando nós levamos isso para discussão, tecnologia não faz parte da área da Ciência da Informação. Tivemos que lutar muito para a instalação da linha de Informação e Tecnologia em um programa da Ciência da Informação, que depois foi muito bem visto e a gente tem alegria de saber que 90% dos programas de pós-graduação em Ciência da Informação hoje tem uma linha de tecnologia.

Especialmente em 2005 e 2006, tivemos uma luta muito acirrada dentro da ANCIB para colocar o GT8, e participaram dessa luta o professor Guilherme, o professor Sayão, o professor Ricardo, participamos de cinco ENANCIB para poder autorizar a instalação do GT8. Parece horrível não ter sido uma autorização imediata, como existiu em outros momentos na situação de outros grupos, mas não é. Se você for pegar a história, e é importante relatar isso aqui, na história das tecnologias nós tivemos um grupo de tecnologia instalado no histórico do ENANCIB, mas em um determinado momento esse grupo de tecnologia ficou exatamente um grupo da Ciência da Computação dentro da Ciência da Informação.

Era só Ciência da Computação mas era uma Ciência da Computação fraca, não tinha identidade na computação e nem aderência na Ciência da Informação, então o grupo foi se esvaziando por ele mesmo. A fala na época do GT8 foi que a tecnologia não tem a ver com a Ciência da Informação porque ela perpassa todos os grupos, não dá pra ter um grupo só estudando tecnologia, essa era a fala da época em que nós lutamos muito para que o GT8 fosse instalado.

E temos que lutar para que isso não aconteça, para que a gente não transforme o GT8 em uma Ciência da Computação fraca e uma não aderência a Ciência da Informação, por isso é importante essa questão da identidade, a interação, a interdisciplinaridade presente nos tópicos estudados pela Ciência da Informação em conjunto com uma equipe multidisciplinar na gestão de dados.

Em 2013 nós tivemos o primeiro DTI, depois tivemos em 2014, 2015, e 2016 nós notamos que todo mundo falava em dados. A partir daí todo mundo fala em dados na Ciência da Informação, pode não saber o que é dados mas ele coloca ali como palavra-chave ou faz parte do título.

Aí em 2017 e 2018 tem o WIDAT e cada vez maior a aderência com a questão dos dados. O que eu estou notando que os espaços entre o lançamento da ideia e a coesão está sendo muito curto. Lembra das ondas de evolução, nós estamos percebendo isso na área. E me preocupa como nós vamos fazer isso na graduação, o meu problema é sempre na graduação porque é dali que sai os profissionais, como vai atuar, em que momento eu vou tratar dessa questão na graduação, era só uma ponderação para vocês verem como as coisas estão se estreitando.

Sandra:

Aqui um ponto que gostaria de destacar antes de abrir para quem quiser fazer questionamento, é que além dos conhecimentos que a gente está falando e colocou aqui, que a professora Plácida também chamou a atenção, é a questão do desenvolvimento de competências, fora o conhecimento a competência de querer aprender sempre, de saber se comunicar, de ética, de responsabilidade, de buscar sempre atualização, isso é coisa que a gente tem que comentar desde o início, tem que motivar nesse sentido e investigar profissionais.

Vamos sair de nossa zona de conforto, sempre adicionar esse elemento novo e como nossas pesquisas podem colaborar com esse campo novo. Então agora eu queria abrir para ver se tem algum questionamento que queiram fazer.


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